É triste, triste e amargo ver a sociedade em que nos encontramos, onde infelizmente somos poucos os que têm trabalho e que mesmo assim não o podem dar como garantido. Ter um emprego hoje é uma bênção. Triste ver que Portugal era um país tão evoluído e que hoje essa evolução não pode ser aproveitada e ao contrário é rejeitada, forçando os jovens e não só a sair do país em busca de uma oportunidade de vida.
Se antes existiam casos em que certas pessoas emigravam por ambição, na espectativa de ganhar mais dinheiro, hoje e tal como há umas décadas atrás, emigrar torna-se uma necessidade. Não é fácil um indivíduo a ganhar o salário mínimo ou até 600 euros, conseguir estabelecer uma vida e constituir família. Reparem nos jovens da atualidade, estão com os pais até cada vez mais tarde, porque não conseguem “libertar-se”. Não conseguem constituir família ou então só perto dos 40 anos o fazem.
Tudo porque o nosso governo foi incapaz de manter as suas promessas e de merecer a nossa confiança, pois quando o fizemos ele pegou no nosso dinheiro e fez sabe-se lá o quê com ele. Até hoje não temos uma satisfação a 100% de para onde foi o nosso dinheiro. E agora pergunto-me, será que quem nos arruinou, os responsáveis por toda esta desgraça, não sentem arrependimento por todo o sofrimento que causam na maioria dos cidadãos do seu próprio país?
É triste ver tanto jovem a desistir de estudar, mesmo a meio de um ano letivo, por não ter dinheiro para pagar os estudos. É triste ver tantos jovens pagar por um curso que supostamente lhes deveria assegurar um futuro, e tendo-o nas mãos vêem-se no escuro, forçados a abandonar pais, amigos e todas as pessoas que amam por não poderem viver nem trabalhar no próprio país. É triste ver pessoas adultas, com idade para já ter uma vida estável e que são forçados a, depois de passar a fase de juventude, ter que abandonar o país.
Triste, triste, triste.
É de uma grande revolta ver tanto sofrimento. Sofre quem parte e deixa ficar…sofre quem fica e vê partir…todos sofrem. O coração fica apertado, pois por muito que se deseje voltar a ver quem amamos…a dura verdade é que a distância é tanta que nunca saberemos se voltaremos a ver quem parte ou quem deixamos.
Governo deste país, ergam este povo da fossa, porque hoje vocês estão no topo mas as roletas giram…e amanhã podem cair no mesmo.
Quero deixar um grande sentimento de carinho para TODOS os que são obrigados a viver na dor da despedida constante e das viagens penosas. Força e coragem! Quero acreditar que tempos melhores virão.
Crónica de Sabine Borges
Cada caso… é um caso
Olá sabine. Eu encontro me nessa situação. Tenho mais do que 30 anos, completei com enorme esforço financeiro e psicologico a minha licenciatura, tirada com tanto esforço para somente não voltar a arranjar emprego e todos os que arranjei tem sido precarios e nunca acima de 500 ou 600 euros, para suportar a vida de 3 pessoas. Eu com 600 e de novo a caminho do fim de um contrato sem hipotese de renovação. Os meus pobres pais, 300 e pouco cada um. Perdendo eu o emprego e nao tendo direito a subs. de desemprego, estaremos 3 pessoas a viver com as reformas deles. Tenho colocado com grande dor a hipotese de emigrar. Adoro viajar, conhecer paises, adoro aventura (ja nao o faço porque deixei de ter dinheiro)……MAS após a viagem, desejo sempre regressar ao meu lugar, á minha casa. Á minha familia e meus queridos amigos. Aos meus animais de estimação. Á minha terra. Mas emigrar é partir por meses ou anos. É solidão. Se há uns que ficam contentes e são felizes emigrando, tudo ok…mas não eu. Os meus pais estão idosos e doentes. Ao meu pai será extremamente doloroso ver-me partir para longe e receio que a saudade lhe faça pior. Vivo um sofrimento brutal para escolher entre definhar aqui em Portugal e correr o risco de miséria, ou partir de coração despedaçado para um emprego melhor, mas uma solidão e saudade horriveis. ás vezes penso que nem me apetece continuar a viver…