A Tristeza de Ter que Emigrar – Sabine Borges

É triste, triste e amargo ver a sociedade em que nos encontramos, onde infelizmente somos poucos os que têm trabalho e que mesmo assim não o podem dar como garantido. Ter um emprego hoje é uma bênção. Triste ver que Portugal era um país tão evoluído e que hoje essa evolução não pode ser aproveitada e ao contrário é rejeitada, forçando os jovens e não só a sair do país em busca de uma oportunidade de vida.

Se antes existiam casos em que certas pessoas emigravam por ambição, na espectativa de ganhar mais dinheiro, hoje e tal como há umas décadas atrás, emigrar torna-se uma necessidade. Não é fácil um indivíduo a ganhar o salário mínimo ou até 600 euros, conseguir estabelecer uma vida e constituir família. Reparem nos jovens da atualidade, estão com os pais até cada vez mais tarde, porque não conseguem “libertar-se”. Não conseguem constituir família ou então só perto dos 40 anos o fazem.

Tudo porque o nosso governo foi incapaz de manter as suas promessas e de merecer a nossa confiança, pois quando o fizemos ele pegou no nosso dinheiro e fez sabe-se lá o quê com ele. Até hoje não temos uma satisfação a 100% de para onde foi o nosso dinheiro. E agora pergunto-me, será que quem nos arruinou, os responsáveis por toda esta desgraça, não sentem arrependimento por todo o sofrimento que causam na maioria dos cidadãos do seu próprio país?

É triste ver tanto jovem a desistir de estudar, mesmo a meio de um ano letivo, por não ter dinheiro para pagar os estudos. É triste ver tantos jovens pagar por um curso que supostamente lhes deveria assegurar um futuro, e tendo-o nas mãos vêem-se no escuro, forçados a abandonar pais, amigos e todas as pessoas que amam por não poderem viver nem trabalhar no próprio país. É triste ver pessoas adultas, com idade para já ter uma vida estável e que são forçados a, depois de passar a fase de juventude, ter que abandonar o país.

Triste, triste, triste.

É de uma grande revolta ver tanto sofrimento. Sofre quem parte e deixa ficar…sofre quem fica e vê partir…todos sofrem. O coração fica apertado, pois por muito que se deseje voltar a ver quem amamos…a dura verdade é que a distância é tanta que nunca saberemos se voltaremos a ver quem parte ou quem deixamos.

Governo deste país, ergam este povo da fossa, porque hoje vocês estão no topo mas as roletas giram…e amanhã podem cair no mesmo.

Quero deixar um grande sentimento de carinho para TODOS os que são obrigados a viver na dor da despedida constante e das viagens penosas. Força e coragem! Quero acreditar que tempos melhores virão.

SabineBorgesLogoCrónica de Sabine Borges
Cada caso… é um caso