A venda de areias dragadas no porto de Aveiro – Júlio Silva

18 De Fevereiro, a Administração do Porto de Aveiro (APA) anuncia publicamente a venda de 60.000 mil metros cúbicos, 100.000 toneladas de inertes (areia branca usada na construção civil) dragados nos canais da Ria de Aveiro.

A única empresa, que concorreu a esta venda em hasta pública, foi a empresa Misturas Milenares de Oliveira do Bairro, que ofereceu 50.000.00 €, ou seja a licitação base desta venda que faz parte do “lote J”, situado na Gafanha da Nazaré.

Uma pequena parte que a APA tem ali depositado de um universo de 3 milhões de metros cúbicos de inertes.

Os leitores, que me estão a ler perguntar-me-ão mas de onde é que vem toda esta areia? E eu digo-vos, como é natural a areia não nasce assim tão facilmente, e muito menos nos canais do Porto Comercial.

Como não existe por aqui em Aveiro nenhuma fonte que jorre areia, ou que a multiplique, mas ao que nos parece esta entra com muita facilidade pela barra a dentro assoreando estes mesmos canais, obrigando a Administração do Porto de Aveiro a dragar os canais, ela a areia terá que vir de algum lado, como é óbvio.

Já adivinharam com toda a certeza de onde é que vem toda esta areia, que entra desenfreadamente pelo canal da Barra de Ílhavo (mais conhecida pela Barra de Aveiro).

Pois é exactamente, isso que estão a pensar, toda esta areia vem sem dúvida de erro por exemplo; Da praia do Furadouro, mais a norte da praia de Cortegaça, da praia da Torreira ou de São Jacinto.

Mais a Sul, a praia da Vagueira, e da Costa Nova, que também tem sofrido com o desaparecimento das suas areias, que faziam parte das suas longas extensões de areal e que ao mesmo tempo faziam as delícias dos veraneantes, que procuravam estas praias para gozarem as suas merecidas férias.

Praias essas, que hoje em dia desapareceram por completo, ficando reduzidas a um muro constituído por rochedos cada um maior que o outro.

Agora pergunto eu, não seria mais adequado restituir estes 3 milhões de metros cúbicos de areia a estas mesmas praias que sofreram a erosão, causada pelas marés vivas por tempestades e pela força da corrente das marés? Claro que sim, seria o mais próprio e até o mais correto a fazer num caso destes e com esta dimensão de tiragem de areias.

No entanto, quem nos governa, assim não entende que a lei da natureza tem que ser respeitada, e por vezes tem que ter a ajuda do ser humano, para manter o equilíbrio das infra-estruturas, o que neste caso seria devolver as areias ao sítio de onde elas desapareceram.

Mas a fonte de lucro fácil, para o Estado e seus accionistas particulares, fala mais alto.

Sendo assim a APA resolve vender algo que logo à partida e de certa maneira não lhes pertence, e fazem um negócio lucrativo sobre o consentimento e a absoluta inércia das Autarquias prejudicadas, nas suas zonas litorais Marítimas.

Já houve, algumas Câmaras Municipais da Distrito de Aveiro que decidiram recolocar alguma areia branca nas suas praias, no entanto tiveram que a pagar a bom preço (preço exagerado alto) aos negociantes deste material, que como toda a gente, negoceiam para governarem a vida.

Estes serão em todo o caso, os menos culpados deste imbróglio, negócio arenoso, o qual prejudica-nos a todos nós que de certa maneira gozamos pelo menos algumas semanas por ano, nestes areais que eram maravilhosos de se verem e para recompormos forças.

No entanto, se os mais interessados (as autarquias locais) não se interessam por este problema, quem somos nós para nos preocuparmos? Apenas nos é permitido comentar, e pensar que os nossos comentários cheguem aos ouvidos moucos desses políticos que vêm mas que fazem que nada vêm o erro que estão a cometer.

Entretanto a Administração do Porto de Aveiro, vai lucrando nestas suas vendas de inertes.

Crónica de Júlio Silva
A opinião de Júlio Silva