A vida devia de ter banda sonora – Bruno Neves

Sou um amante da música. Sou viciado em música. Passo dias praticamente inteiros a ouvir música nos headphones e certamente me arrependerei disso no futuro e darei razão aos meus pais por ouvir música tão alto, mas agora é exactamente assim que quero estar! A música faz de tal forma parte da minha vida que eu até sou locutor de rádio! (E não, isto não é uma piada!)

Por todos estes motivos e mais um acho que a vida devia de ter banda sonora. Não estejam já a fazer essa cara, escutem primeiro a ideia!

Que bom que seria ter sempre connosco uma música que espelhasse o nosso estado de espirito, que “falasse” por nós nos momentos difíceis, que partilhasse a nossa alegria ou que transmitisse os nossos sentimentos nas situações delicadas e quando estivéssemos frágeis.

“Mas como é que fazíamos isso?” Vocês adoram meter-se onde não são chamados, não é?
E têm prazer em apontar as falhas dos outros! Não deviam de ser tão mauzinhos, isso faz-vos pedras nos rins!

Imaginem que durante um momento de importante da vossa vida escutariam automaticamente alto e bom som o épico “Conquistador” dos Da Vinci, que durante um momento de tristeza profunda ouviriam o “Tears in Heaven” do Eric Clapton. Ou ainda que durante um momento de descontracção ao pôr-do-sol poderiam dar-se ao privilégio de escutar um som relaxante. Não esquecendo a bela da música romântica para os apaixonados, ou recém-apaixonados, consoante o caso.

Por vezes bastaria uma frase ou duas, ou mesmo uma estrofe, dependeria do que pretendêssemos transmitir. As hipóteses são infindáveis e estariam de acordo com os gostos de cada um! (Acho que este ponto de exclamação espelha bem o entusiasmo que tenho em relação a esta ideia).

A mim parece-me um conceito vencedor. Acho que era o extra perfeito. Quando os nossos pais fizessem o pedido às cegonhas de Paris só tinham de pedir o extra. (E não se atrevam a dizer que os bebés não vêm nas cegonhas de Paris, é que não se atrevam! Há mitos que devem permanecer, e este é um deles!)

“Ah, isso é tudo muito bonito, mas imagina o caso das crianças naquela fase em que ainda só ouvem cantilenas infantis ou músicas do Bieber ou aquelas pessoas que têm um péssimo gosto musical…teríamos de ouvir tudo isso!” Pois é, está bem visto sim senhor…ainda não tinha pensado nas consequências negativas e contra factos não há argumentos. Se geralmente vocês costumam ser implicativos, agora acertaram em cheio (também alguma vez teria de ser não é?).

Claro está que no dia em que tudo isto for possível também teremos outras consequências negativas como por exemplo a possibilidade de nos ligarmos em segundos e apenas com o poder da mente à loja online da Apple para comprarmos as músicas da banda sonora da nossa vida ou da vida de alguém que nos rodeie. Ou ainda, por exemplo, ouvir publicidade no interior da nossa mente, apenas de produtos relacionados com o nosso gosto musical. Bom, esperemos que pelo menos esta segunda parte não se concretize, senão aí é que nunca mais teremos descanso.

Era ainda o adeus aos mp3 e à quantidade insana de pilhas gastas nestes dispositivos ou às horas infindáveis de carregamento á corrente nos casos mais modernos, mas também à possibilidade de ficarmos sem pilhas ou bateria a meio de uma viagem ou de perdemos o respectivo aparelho.

(P.S: No hipotético caso de alguma destas ideias ser aproveitada por quem que seja eu quero receber metade dos lucros, estamos entendidos? Espero bem que sim. Vou confiar em vocês, mas só desta vez! )

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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