A Vida e Quatro Garrafas … Quatro Estações – Aida Fernandes

Ultimamente vejo com muita frequência postado no facebook esta apresentação da vida em quatro garrafas, a Primeira…biberão, a Segunda…coca cola, a Terceira…cerveja, a Quarta…soro ou oxigénio! Achei interessante pensar nisto e associar a Quarta garrafa á velhice, embora não seja exclusiva para esta etapa, é nesta que recai a sua maior necessidade.

Bem verdade que quando nascemos encaramos com uma mama ou um biberão, a primeira garrafa da nossa vida! Na velhice vai-nos suceder o mesmo (quase sempre), vamos precisar de um biberão para nos alimentarmos, só que nesta etapa damos-lhe o nome de seringa.

Nascemos sem dentes, sem cabelo (pouco), sem andar, sem falar, passamos a usar fralda…na velhice vamos ficar de igual modo, sem dentes, sem cabelo, a maior parte das vezes sem conseguir falar, a usar fralda (só que um tamanho maior!), e quase sempre num carrinho só que em vez de Baby coque é uma cadeira de rodas com uma cor escura e que nada se assemelha ao nosso primeiro carrinho de bebé!

Se repararmos bem as semelhanças estre o recém-nascido e o idoso são muitas mas na realidade as coisas são muito mas muito diferentes e quem lida diariamente com ela sente isso de uma forma única. Tal como as quatro estações do ano são bonitas e todas com o seu encanto, é no Inverno que se acentua o branco…o cinza…a prata…o grisalho…o frio…o medo do escuro e das noites longas…ficar sozinho é por vezes aterrorizante.

Na nossa existência a estação do ano em que nos assemelhamos mais com o inverno é sem dúvida a velhice…os nossos cabelos brancos, o ar cinzento que quase sempre carregamos provocado muitas vezes pela solidão ou pelas doenças, o frio constante que sentimos porque vamos ficando mais parados, vamos perdendo as nossas energias, o medo sem fim de poder morrer sozinhos, o medo de não ter quem cuide de nós, o medo de sofrer, o medo terrível de não morrer em paz. Assim sendo não podemos comparar o início de vida ao fim, e então como encaramos o inverno na nossa vida? Como uma estação á qual temos que passar e á qual estamos submetidos pela natureza humana.

Que bom seria estarmos sempre na primavera, rodeados de flores, no verão usufruindo de um sol bonito e quente, ou no outono comtemplando a profunda beleza de um misto de colorido e sol! Mas sabemos que todas as estações são necessárias e é isso que completa o nosso ciclo de existência.

Estamos na semana Santa, tempo de recolhimento interiorização, pausa para reflexão, reconstrução espiritual necessária para o equilíbrio emocional, a semana que antecede a Morte e Ressureição.

Sabemos que um dia vamos morrer, com o auxilio da quarta garrafa ou sem ele, nada nos permitirá que fiquemos cá eternamente, esta vida é sem duvida uma passagem, que deve ser aproveitada bebendo leite, coca cola ou cerveja, tudo na idade certa, porque em poucos dias nós já estaremos no Inverno, o momento para o nosso recolhimento, compartilharmos as experiências da vida com outras pessoas queridas, estação de puro aconchego e generosidade. Tais experiências compartilhadas são essenciais para nosso crescimento em todos os sentidos da vida.

As palavras-chave para esta estação são: recolhimento, compartilhamento e troca de vivências e não como na primavera que são: brincadeiras, sorrisos, festa, alegria e esperança!

Nós seremos ainda mais felizes se aproveitarmos de alma aberta a beleza e o significado de cada estação, se amarmos a vida de acordo com a harmonia de cada época, só assim seremos mais otimistas e seres com mais fé em nossos corações!

Pense nisso com carinho e muita fé! Uma vez que estamos a viver esta semana tão dedicada a este tema. Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera, será esta primavera que nos espera depois do nosso sofrimento, depois de bebidas todas as garrafas!… Quando partirmos na última viagem!

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Crónica de Aida Fernandes
A última Etapa