A vida no « Campismo »… – Ricardo Espada

(Depois da crónica de Gil Oliveira, sobre o campismo, eis que chega «A vida no Campismo», de Ricardo Espada. Vá, chamem-lhe um «prolongamento» da crónica de Terça-feira…) 

Ora cá estamos, não é verdade? Quer dizer, eu estou, agora vocês já não sei. Tenho até sérias dúvidas que, de facto, estejam… E porquê? Por nada, é apenas um palpite meu. Melhor, chamem-lhe um sexto sentido. Na verdade, não é sexto sentido nenhum. Digo isto, porque denoto alguma timidez por parte dos leitores, em comentar as minhas crónicas. Mas eu entendo e, aqui para nós (aqueles que, de facto, estão!), as crónicas também não são lá muito convidativas. São aborrecidas, não é? Pois, claro que são! Eu sei que são! Sendo assim – e vendo por esta perspectiva –, têm toda a razão em não comentar as crónicas. Porque elas são parvas… (Vamos lá a ver se, com este parágrafo absurdo, consigo colocar alguém a comentar esta crónica… Ou, pelo menos, alguém a chamar-me nomes feios! Já era bem catita…)

Ora, o campismo! Quem é campista, sabe bem o gozo que dá praticar o campismo. É bastante catita, estar em contacto com a natureza. Campista que é campista, gosta de estar em contacto com a natureza, certo? ERRADO!! Cada vez mais, existem campistas que odeiam estar em contacto com a natureza. Ora, isto tem alguma lógica? Para mim não tem! Eu sou campista há muitos anos, (Ah!, porra… Dito desta forma, parece até que tenho 5o anos… Para todos os efeitos, tenho APENAS 30 anos. Mas podem continuar a imaginar que tenho 50 anos. Dá-me um ar de «personagem bastante experiente», e tal…) e sempre tive a ideia que ser campista, é gostar de estar em contacto com a natureza.

Hoje em dia, deparo-me com campistas a reclamar contra tudo o que significa praticar o campismo.

 

«Ai! Isto é só melgas! Odeio melgas! Raios parta as melgas! Não posso com elas!»

Para estas pessoas que se julgam campistas, mas que passam o tempo a reclamar com as melgas, tenho apenas uma coisa a dizer: SE NÃO GOSTAM DE MELGAS, ENTÃO NÃO FAÇAM CAMPISMO!

 

«Ai! As malditas das rolas não me deixam dormir de manhã! Começam a cantar e eu já não consigo dormir…» 

As rolas fazem parte da natureza! Se elas cantam, só têm é de aprender a conviver com o seu cantar, e não reclamar delas! Por isso: SE NÃO GOSTAM DE ACORDAR AO SOM DAS ROLAS, ENTÃO NÃO FAÇAM CAMPISMO!

 

«Ai! Farto-me de limpar esta roulote, e ela está sempre suja! Não aguento mais isto!» 

A sujidade faz parte do campismo, meus amigos pseudocampistas. É normal que a roulote se suje com bastante facilidade, visto que estão a fazer campismo. Olhem: SE NÃO GOSTAM DA SUJIDADE DENTRO DA ROULOTE, ENTÃO NÃO FAÇAM CAMPISMO!

 

«Ai! As casas-de-banho ficam tão longe, que me aborrece levantar e andar tanto para fazer o meu chichizinho… Não gosto disto… Quero uma casa-de-banho só para mim!»

Eu também queria muita coisa e não tenho. O campismo é sinónimo de companheirismo, de partilha e de convívio. E as casas-de-banho de um parque de campismo são partilhadas entre todos. Faz parte do misticismo do campismo: SE NÃO GOSTAM DE PARTILHAR AS CASAS-DE-BANHO NO PARQUE DE CAMPISMO, ENTÃO NÃO FAÇAM CAMPISMO!

Resumindo e concluindo, existem muitas pessoas que se auto intitulam de «campistas», quando na verdade estão muito longe de o ser. O campismo não é sinónimo de um condomínio fechado, onde existem apartamentos de luxo. O campismo é o sinónimo de natureza, companheirismo, partilha e convívio.

Um pequeno aparte: Nas casas-de-banho de um parque de campismo, sou a favor de os cubículos serem forrados com material anti-ruído. É que, de manhã, o facto de ouvir perfeitas sinfonias por parte dos meus companheiros campistas, tira-me a vontade de fazer as minhas necessidades fisiológicas. É uma ideia – «cubículos forrados». Pensem nisso… Adeus e até para a semana… se Deus quiser! Porque, se ele não quiser, então nada feito! Isso é certinho…

 


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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