Ai os meus ricos filhos! – Sandra Castro

Eu podia escrever que os filhos são a melhor coisa do mundo, que ser mãe é a maior benção de uma mulher, que os filhos mudam a nossa vida e bla bla bla, só para ficar bem no postal, mas eu decidi escrever a verdade nua e crua sobre a maternidade! Sem pestanejar, sem me engasgar e sem enfraquecer.

Portanto, aqui vai: Ser mãe é o auge da felicidade de uma mulher! Prontos já disse…ufa! Mas e o resto Sandra? Pois…a outra parte não é?Ok, aqui vai novamente:

Ter filhos é acabar de aspirar o chão e eles sujarem logo a seguir com migalhas.

É gastar dinheiro em toalhitas para lhes limparmos o rabo e quando damos por ela estão a limpar o chão com um maço delas.

É desligarem o som quando estamos a ouvir a nossa música preferida e ainda por cima na parte do refrão.

É estarmos na sanita descansados a obrar e eles entrarem pela casa-de-banho a cantarolar e aos saltinhos (e pior ainda, não desandarem de lá).


É ensinarmos a dizerem mãe e pai e eles não aprenderem nem à primeira vez, nem à segunda, mas quando dizemos foda-se eles repetem logo.

É irmos todas dondocas tomar café com as amigas para lhes dar a conhecer, orgulhosas, os nossos rebentos e eles portarem-se bem…mal.

É estarmos a falar de sexo à vontade, pensando ingenuamente que eles não estão a ouvir, que estão distraídos com a televisão ou com a playstation e repentinamente eles perguntam: Mãe, o que é um orgasmo?!!!

É o casal estar no meio do acto sexual e as crianças entrarem subitamente no quarto, sem termos ouvido um passo sequer.

É termos os nossos objectos pessoais bem guardados e de repente olhamos e o nosso filho anda com o nosso vibrador e com o nosso chicote na mão.

É fazerem birra em pleno metro, apinhado de gente, e a mãe pensar: “não sei se o esgano agora ou se fujo para parte incerta!”

É oferecermos canetas e um livro de desenhos para colorir e eles pintarem as paredes em vez do livro.

É oferecermos uma prenda que custou uma pipa de massa e, passado dez minutos de abrirem a prenda, ficam a brincar com o íman que está colado no frigorífico.

É termos o quarto limpo e arrumado e premeditadamente pegarem no cesto dos brinquedos a atirarem tudo para o chão.

É estarmos a dormir e, no meio dos cobertores damos conta dum carrinho e uma bola lá perdidos.

É adormecermos a dois e acordarmos de manhã a quatro.

É rir, chorar, brincar, stressar e amar, todos os dias.

Eu sei o que estão a pensar caros leitores…eu também vou sentir saudades, muitas saudades, de tudo isto quando eles crescerem!

 

Crónica de Sandra Castro
Ashram Portuense