(Ainda) Mais chantagem sobre a Grécia

Esta semana, a vergonhosa chantagem à Grécia prosseguiu. Impunemente, o Eurogrupo continua a marchar ao som das ordens ditadas pela chanceler alemã, Angela Merkel, e as tentativas levadas a cabo pelo governo grego ainda não tiveram “luz verde” para firmarem acordo.

A demonstração de poder efectuada por Lagarde, directora-geral do FMI, foi uma tentativa de humilhar o governo helénico liderado por Alexis Tsipras, do Syriza. A economista francesa disse que, mesmo que a Grécia saísse da zona euro, o FMI poderia apoiar Atenas, caso o país mediterrâneo o pedisse; ora, isto representa uma saída grega em direcção à austeridade, mais uma vez, e não é isso que Tsipras e Varoufakis têm dito aos seus colegas no Eurogrupo. Uma bancarrota grega não significa, à luz da legislação europeia da circulação do Euro num dado país, que Atenas seja expulsa do Euro, e por isso Lagarde lembrou da possibilidade de apoio. Só que se Tsipras não pagar a tranche em dívida até 30 de Junho, os mercados “fecham-se” para a Grécia, e aí só mesmo o congelamento de contas bancárias e proibição de circulação de bens financeiros poderá salvar a Grécia, num curto prazo, da “desgraça”.

Quanto a mim, parece existir uma notória intenção por parte cerca de dez/onze governos da zona euro (entre os quais o de Passos Coelho), em querer atirar os gregos para uma situação de desespero. Essa dezena de executivos governamentais são de direita, pois claro, e querem fazer com o governo grego do Syriza, de esquerda, se vergue perante a “ditadura da austeridade”. Porém, Hollande e Renzi, de França e Itália respectivamente, têm feito um pouco de pressão a favor dos gregos, até porque eles próprios sabem que as suas economias podem ser bastante afectadas por uma possível saída grega da zona euro. Mas somente isso parece motivar Hollande e Renzi perante um cenário catastrófico de saída dos gregos da zona euro.

E Portugal? Nos EUA, escreve-se e fala-se que Portugal seguirá o caminho dos gregos, caso haja um “Grexit”. A austeridade que por cá reina não fez com que se realizassem as reformas necessárias, e alguns analistas financeiros e políticos norte-americanos apostam que Portugal é um país que facilmente se desmoronará, isto se vier a haver uma falha no acordo entre Grécia e Eurogrupo.

Eu espero que a Grécia atinja um acordo com o Eurogrupo. Neste Sábado deverá realizar-se a quinta reunião em dez dias entre as partes. Porém, estou certo que apenas à beira do prazo limite de pagamento da tranche da Grécia ao FMI, 30 de Junho, é que haverá acordo. Se não houver acordo, a Grécia poderá encontrar abrigo junto da Rússia e da nova moeda euroasiática já em desenvolvimento em Moscovo. E esse é um cenário que julgo que os líderes europeus não quererão ver concretizado…