Ainda, e sempre, Mandela – Nuno Araújo

Nelson Mandela faleceu na semana passada, com 95 anos, mas a sua história de vida persistirá como uma inspiração para todos aqueles que acreditam que ideais como tolerância, liberdade, direito à diferença, igualdade de oportunidades, solidariedade, harmonia e paz devem pautar as sociedades. Para todos os que acreditam nesses nobres valores, Nelson Mandela restará, para sempre, vivo nos seus corações.

Madiba, termo carinhoso que designa Mandela, foi uma figura maior do século XX, assim como da história da humanidade. O desaparecimento de Nelson Mandela, prémio nobel da paz em 1993, é, sem sombra de dúvida, um dos acontecimentos mais marcantes deste ano de 2013, quase a findar.

A acção de Nelson Mandela, no período do Apartheid, foi verdadeiramente exemplar, tanto na resistência pacífica à agressão colonial, assim como nos seus mandatos presidenciais dos anos 90, onde não abusou do seu poder e se tornou um dos poucos líderes africanos que não se perpetuou no poder, caso verdadeiramente raro em África.

Mas o verdadeiro legado de Mandela é a tolerância. Madiba foi, também, um dos poucos líderes políticos que nunca pediu aos seus apoiantes o exercício da vingança, mesmo após Mandela ter sido preso durante dezenas de anos e torturado pelo regime do Apartheid, o qual impunha uma escravatura e discriminação racial e social à população autóctone, humilhada diariamente nessas obscuras páginas da história. Mandela colocou em prática o que Paulo Freire já havia escrito, na sua “Pedagogia do Oprimido”, ou seja, que aqueles que foram oprimidos não se tornassem opressores, em caso de um volte-face nas leaderships sociais e políticas.

A história da humanidade agradece, certamente, todas as boas acções praticadas por Nelson Mandela, que presidiu ao país que o viu nascer, depois de observar o processo de descolonização da África do Sul, e consequente crescimento da democracia sul-africana, uma democracia assente em valores de paz, tolerância e igualdade entre homens e mulheres, de cores e crenças diferentes. Esse mesmo país que viu Nelson Mandela nascer, a África do Sul, é o mesmo que nunca deixará de lhe prestar homenagem, e muito justamente, pois dificilmente teremos oportunidade de observar a enorme amplitude de ética e razão na acção por parte de outro Homem, como o era Madiba. Até sempre, Madiba.

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana