Ainda não temos o presidente de volta – Nuno Araújo

Cavaco decidiu manter o governo em funções, o mesmo do qual Paulo Portas se demitiu. O mesmo cuja pasta das finanças é gerida pela “Miss SWAP”. A “segunda melhor solução” para o país, segundo o Presidente da República, é deixar o país a definhar, por força da “aversão à democracia” demonstrada pelo chefe de estado. A melhor solução, quanto a mim, seria devolver a palavra aos cidadãos, porque este governo não representa sequer a vontade de Paulo Portas, que se demitiu do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros.

Pois é, como todos sabemos, as famigeradas negociações entre PSD, CDS e PS chegaram a um fim. Esse fim era já muito aguardado, na verdade, entre todos aqueles que dialogaram entre si, tendo em vista um hipotético acordo. Mas, depois do “frete” feito pelo triunvirato que assinou o memorando da Troika em 2011, cada partido “foi para seu lado” e agora é tempo de “culpar os outros”. Entre as várias propostas já vindas a público, entre aquelas que foram divulgadas por PSD e PS, há que salientar a intenta do PSD em que do acordo saísse um “sim,senhor” do PS aos orçamentos de estado para 2014 e 2015. Se isto é negociar? Não, não é. Se este é um fim irrevogável das conversações entre PSD, PS e CDS? Não há nada que seja “para sempre”, em política. Os acordos vêm e vão, são como as marés. Pelo menos, enquanto certas lideranças políticas estiverem no activo…

O PS também desejava aumentar o salário mínimo. Concerteza que esta é uma “promessa” eleitoralista disfarçada de estratégia negocial, mas todos percebemos o que está aqui em jogo, tanto para PS, como para PSD e CDS: nenhum partido ser o “culpado” do fecho das negociações, e assim haver “boa gestão dos danos” que Cavaco Silva pretendia infligir aos partidos, apesar de no seu discurso o chefe de estado dizer o contrário.

Um Passos Coelho líder da JSD nos “anos dourados do cavaquismo”; um Paulo Portas director do semanário “Independente” nesses “anos dourados do cavaquismo” que em cada semana publicava um “escândalo” envolvendo um elemento do governo de Cavaco Silva; António José Seguro, líder do PS, querendo liderar o país mas que rejeita o “fardo” e a responsabilidade pelo segundo resgate (seria o segundo sob a “alçada” do PS); tudo isto parece “irritar” Cavaco Silva, que mais parece querer “fazer corroer” essas lideranças partidárias. E por isso, deixa “apodrecer” o governo menos coeso e mais incompetente dos últimos 39 anos em Portugal.

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana