Alergia ao primeiro posto leva o suspense até ao fim

Rivais? Só no papel. Este fim de semana deu-nos a observar, um estranho fenómeno que se vem abatendo sobre o nosso campeonato há já alguns meses. Dia 21 de Março de 2015, jogaram os dois primeiros classificados da Liga NOS. O Porto com o Nacional e o Benfica com o Rio Ave. Nesses dois jogos aconteceu o impensável: ambos tiveram resultados desfavoráveis. Será assim tão impensável? Será sina para a restante competição? Ficará o campeonato apenas decidido quando se defrontarem?

Tantas perguntas com respostas difíceis, encruzilhadas e nada previsíveis. O Benfica passou de ter o campeonato no papo, quando o Porto perdeu na Madeira frente ao Marítimo, para ter desperdiçado uma oportunidade, quando, no momento a seguir, se deixa também superar pelo Paços de Ferreira. Nesta altura, os encarnados tinham a hipótese de ganhar e dar assim um passo decisivo rumo à conquista do bi-campeonato, mas não. A equipa quase que bloqueou e falhou quando não devia falhar, perdeu uma oportunidade de ouro de se distanciar e de ficar a rir do seu adversário. Não seria, contudo, caso virgem.

Cerca de 8 jornadas depois, o mesmo voltava a suceder. Após uma pequena ameaça no jogo frente ao Arouca, onde esteve 45 minutos a perder mas depois acabaria por dar a volta e vencer 3-1, o clube da Luz concretizou mesmo a ameaça e entregou, novamente, o ouro ao bandido. O take 2 da alergia a ser campeão começa quando o Benfica se deixa surpreender pelo Rio Ave já nos descontos. Os vila condenses estiveram eximiamente bem, superando as expectativas e apresentando uma 2ª parte de grande qualidade. Mérito para os da casa e um igual demérito para os forasteiros, que voltaram a cometer os mesmos erros do passado com as mesmas ideias e o mesmo discurso de vítima potenciado pelo seu treinador. O humilde génio da bola, ou como quem diz, Jorge Jesus, não foi capaz de suster a pressão final do Rio Ave, mexendo incorrectamente na equipa e deixando-a à mercê do seu adversário. Assim foi. O Benfica perdia no Estádio dos Arcos e deixava o 1º posto ainda mais apetecível para o seu eterno rival, que não podia, nem queria fraquejar.

Pouco tempo depois do jogo dos encarnados ter acabado, começou o do vice-campeão nacional, que o opunha ao Nacional. É certo e sabido que nunca é, nem foi, e dificilmente será, fácil jogar na Choupana. Contudo, sabe-se de igual forma que é impensável sonhar, tendo hipótese de ficar a 1 ponto do 1º lugar e ainda tendo de jogar com o campeão, que os dragões fossem perder pontos. Errado. Num campo em que o nevoeiro é abundante, os azuis e brancos esperaram que D.Sebastião aparecesse e os ajudasse a enfrentar esta longa batalha, dobrando o cabo do Bojador e chegando a bom Porto no fim da viagem. O resultado não foi o esperado. Faltou força anímica e mais qualidade nas pernas para os jogadores dos visitantes causarem os estragos necessários para sair da Choupana com uma vitória. Os seus rivais respiravam de alívio. Viam assim mais um erro crasso seu a não dar resultado, muito por culpa de uma equipa amorfa e com falta de motivação, treinada por um espanhol que continua a não saber muito bem o que está a fazer. Fechava-se assim o take 2 dos erros forçados dos candidatos ao título. Com os males de uns, posso eu bem. Neste caso, não gostam de se abandonar na miséria, tal e qual um casamento perfeito. Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa que o digam.

Com o inicio da Primavera, surgem as primeiras alergias ao título. Nem Benfica, nem Porto se querem distanciar, simplesmente têm alergia ao primeiro posto, querendo com isso, e com os possíveis resultados que daí advierem, evitar ao máximo estar em 1º com uma grande vantagem. Afinal de contas, quem é que não gosta de emoção, de erros simbióticos e de surpresas a cada jornada? Pois bem, os adeptos tanto do Benfica, como do F.C.Porto. Veremos se a alergia se mantém até ao fim da Primavera ou se o Verão chegará mais cedo para estas equipas.