“Amor incolor” – Um poema para o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

“Amor incolor”

Olhou-a e viu o seu sorriso sereno…
Olhou-o e viu os seus olhos de tom profundo…
Profundo o contacto entre seres…
Não quiseram saber do tom da pele…

Não quiseram saber que língua falavam,
comungavam com as estrelas mais altas do firmamento,
e era a vibração melódica que ouviam,
que os ligava inexoravelmente…

Não olharam aos países de onde vinham,
mas antes ao espaço sem fronteiras
que naquele instante partilhavam…
Sem preconceito, estigma ou dor…

As raízes perpetuavam histórias de horror,
entre nações opressoras e oprimidas…
As raízes terrenas, lembravam as trevas,
a escravatura de uns, o extermínio de outros…

As raízes vinham carregadas de mágoa,
mas também de história…
Mas muito para além do tempo
era aquele infinito momento de união…

Uma união que resiste ao vil preconceito,
que une a distância e repara a história…
Que se afirma na imensidão do espaço,
onde só as Almas se encontram…

Onde não há cor, há rostos e olhares.
Onde não há nação, há união e alquimia.
Onde não há longe, há um sempre que é o Agora.
Onde não há ódio, há Amor humano…

Laços que desafiam o mundo,
Que desafiam o tempo e o espaço,
Que unem Almas em Amor profundo,
na vibração única do que É e do que Somos.

Somos todos Um…Uma só Humanidade.
O preconceito é estúpido.
Não há raças, nem fronteiras,
a não ser as do medo e da ignorância.

Importam sim, os olhos que se beijam,
os corpos que em silêncio se revelam,
os lábios que se olham,
as Almas que se unem em uníssono…

Porque o Amor é incolor,
e no entanto tem a cor do arco-íris,
expressa-se sem usar da palavra,
e no entanto vibra na mais elevada melodia”

Lúcia Reixa Silva
Poema elaborado para o Dia 21 de Março de 2017, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial.