Amor: Que coisa nojenta!

Sim, foi à dois dias atrás. O dia dos namorados. O dia em que andava tudo preocupado à procura do presente de última hora.

Ainda bem que já terminou. Estava cansada de ver corações nas cabeças das pessoas. Era corações por todo o lado, até tropeçava neles! Dizem que é o amor, mas tenho dúvidas!

Que coisa mais nojenta que hipnotizava todos os casais apaixonados. Para onde quer que eu ia, estava lá ele, a dar palmadinhas nas costas e a tentar convencer das suas vantagens.

A começar lá por casa, os meus pais aos beijinho e aos abraços. Que nojo! Beijar na boca? Tocar nos lábios de outra pessoa, partilhar saliva, parece mesmo uma coisa nojenta!

Anestesiada com isto, dirigi-me até à sala para descansar e afastar-me deste vírus. E eis que, encontro a minha irmã com o namorado. As suas pequenas mãos estavam entrelaçadas nas mãos do seu mais que tudo e davam risadas sem parar.

Para todo o lado que ia, esta coisa, que especulam ser o amor, incorporava-se nos corpos mais ou menos esguios dos aparentemente apaixonados. Magia? Não sei. Só sei que era estranho!

Contudo, isto nem era o pior! Pior mesmo, são as frases melódicas que dizem um ao outro: “Eu amo-te!” “Eu adoro-te!” Afinal, o que é isto? Especula-se que deve ser algo que é sentido e partilhado por duas pessoas que se sentem atraídos, compreendem-se e gostam um do outro. No entanto, o seu significado não é bem este! Analisando os casos, esse significado vai-se perdendo, uns anos, uns meses e até dias depois.

“Eu amo-te!” passa rapidamente para “Eu odeio-te!” Já sei, aposto que são palavras mágicas e as pessoas são espécies de marionetas que se movimentam em função delas.

Estas pessoas vestem uma capa, chamada amor e esquecem-se do essencial.

Eu não quero ser apanhada por esta coisa, daí preferir estar tranquila no meu espaço a dormir, com a pessoa mais importante para mim. Estar sozinho, não é o melhor do mundo mas sim o Amor, com letra maiúscula.

“Amem-se mas com muita paixão!”

RaquelSantosLogoCrónica de Raquel Santos
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