Aníbal Cavaco Silva está a ficar choné…

Se há uma coisa que eu posso afirmar a pés juntos é que, de facto, eu não percebo patavina de política. Mas, por mais incrível que possa parecer, sou fortíssimo no que toca a parvoíce gratuita. E, caro leitor, isso é apenas o que tenho para oferecer-lhe hoje, em mais uma crónica “Vida de Cão”. Se o leitor é super fã de “politiquices”, então vá fazer algo mais produtivo na sua vida do que ficar aqui a ler um amontoado de palavras sem qualquer nexo. Mas se, pelo contrário, o leitor é um aficionado por parvoíce da boa, então puxe uma cadeira e sente-se, que isto vai ser um verdadeiro pagode de ideias parvas.

Durante esta semana, o país foi assistindo a um verdadeiro rodopio de visitas ao shôr Presidente da República, por parte dos partidos políticos que queriam uma e só coisa: pedir ao reformado com uma pensão miserável que não chega para pagar as contas, que lhes desse a oportunidade de mandar nisto tudo. E como será que correram essas visitas? Como terão decorrido essas visitas? Quais terão sido as conversas? E melhor ainda: quais terão sido os trunfos que os partidos de “esquerda” usaram para tentar convencer Aníbal Cavaco Silva a aceitar um governo de “esquerda”? O leitor pode não acreditar, mas eu tive acesso a uma pequena parte dos diálogos, e vou divulgá-los agora e já nesta crónica “Vida de Cão”!

(É agora que vem a melhor parte de todo este amontoado de parvoíces que é a crónica de hoje…)

O Bloco de Esquerda fez-se representar pela sua líder, Catarina Martins, e o diálogo a que tive acesso foi o seguinte:

Cavaco: …Pois, claro. A Maria gosta de fazer uma sesta a tarde, todos os dias. Só que, ultimamente, a nossa cagarra — que eu trouxe das Selvagens — anda naquela altura do mês e então passa os dias inteiros a berrar dentro da gaiola, o que acaba por dificultar a sesta à minha Maria. E depois quem tem de a aturar sou eu…

Catarina Martins: Oh… isso é que é uma pena… Bom, senhor Presidente, podemos falar de assuntos sérios?

Cavaco: Julgava que era isso que estávamos a fazer…

Catarina Martins: Hum, sim, sim… Mas eu estou a referir-me ao assunto que me trouxe hoje aqui…

Cavaco: Então e que assunto é esse…?

Catarina Martins: Então… é sobre quem será o próximo governo de Portugal…

Cavaco: Ah, e quem será…?

Catarina Martins: Então… o senhor Presidente é que vai decidir isso…

Cavaco: Ai vou? Mas eu tenho tanto para fazer, e a minha cagarra está doentinha, coitadinha. Eu tenho de tomar conta dela, não tenho muito tempo para essas questões do país…

Catarina Martins: Senhor Presidente! Vou deixar-me de rodeios! Nós, o BE, queremos fazer parte do governo! E, para isso, estamos dispostos a oferecer-lhe os préstimos da excelentíssima deputada Mariana Mortágua. No caso de o senhor Presidente ter alguma dívida por saldar, a deputada Mariana terá todo o gosto de “apertar” com o credor, levando-o a desistir da dívida!

Cavaco: Mas eu não… Eu… Eu só queria que a minha cagarra melhorasse…

Catarina Martins: Ok, eu vou falar com o Louçã… que ele tem lá uns remédios caseiros baseados em plantas que irão fazer maravilhas à sua cagarra… Mas, para isso, terá de nos deixar formar um governo de esquerda!

Cavaco: Ah, sim, sim… Mas agora não posso. Sabe, é que tenho de ir porque está na hora de ir dar de comer à cagarra… Depois falamos…

Catarina Martins: Mas… Hum.

O PCP fez-se representar pelo seu líder, Jerónimo de Sousa. E o diálogo foi o seguinte:

Cavaco: …Sabe, aquela marquise já me deu muita água pela barba. Em dias mais tempestuosos então é uma tortura. Já não sei bem o que fazer…

Jerónimo de Sousa: Ah, mas isso não tem qualquer problema, senhor Presidente!

Cavaco: Como se atreve a dizer isso?! Você sabe lá a quantidade de vezes que a minha Emília adoeceu à conta daquela marquise…

Jerónimo de Sousa: A sua Emília…?

Cavaco: Sim, a minha Emília!

Jerónimo de Sousa: Ah, a sua empregada…?

Cavaco: Mas que ideia mais absurda, homem… Estou a falar da minha cagarra! A que eu trouxe das Selvagens! A minha Emília está sempre a adoecer por causa das correntes de ar que apanha…

Jerónimo de Sousa: Ah, mas isso é fácil de resolver…

Cavaco: Ai, sim…? E como?

Jerónimo de Sousa: Você tira a gaiola da bicha da marquise, e isso já não volta a acontecer…

Cavaco: Não posso. O único sítio onde podia colocar a gaiola era na sala onde está exposta a colecção de presépios da minha Maria. E ela não deixa lá pôr a cagarra porque tem medo que ela suje os presépios com dejectos. Ou fica na marquise, ou volta para as Selvagens. E isso eu não posso fazer à minha Emília… Ela faz-me muita falta…

Jerónimo de Sousa: Então fazemos o seguinte… Certamente, o que a marquise do senhor Presidente precisa é de uma pequena afinação. E, nesse caso, o senhor Presidente está cheio de sorte, pois eu fui “Afinador de Máquinas” nos meus tempos de operário industrial!

Cavaco: Ah, mas isso é maravilhoso! Você vai lá um dia destes a casa, a minha Maria faz-lhe um lanchinho e você arranja a marquise. Ou melhor, “afina” a marquise… O que lhe parece?

Jerónimo de Sousa: Calma… Eu trato desse assunto, mas em troca de um pequeno favor…

Cavaco: Que favor…?

Jerónimo de Sousa: Eu “afino-lhe” a marquise, e o senhor permite a criação de um governo à esquerda!

Cavaco: Hã? O que… O que foi isto…? Você ouviu? Parece-me que… Sim, é isso mesmo: é a minha Maria a chamar-me. Bom, continuamos esta conversa noutro dia… Adeusinho, sim!

Jerónimo de Sousa: Mas… Hum.

Tive, igualmente, acesso ao diálogo entre António Costa e o Presidente da República, mas acabei de receber uma SMS do líder do PS a avisar-me para eu não publicar o diálogo senão ele raptava-me e obrigava-me a comer caril dez vezes por dia durante um mês seguido… Eu odeio caril. De modos que… o melhor é ficar por aqui…

Isto é que é uma “Vida de Cão”, hem…