Antes gay do que escuteiro!

“Pai, mãe, sou gay!”
Esta é uma das piores frases que um pai pode ouvir dum filho. Uma frase quase tão má como: “Pai, mãe, sou do Futebol Clube do Porto!” ou ainda: “Pai, mãe, quero ir para os escuteiros!”.
São estas as exclamações que mais provocam ataques cardíacos nos pais portugueses, hoje em dia… Eu próprio confesso que se tivesse um filho que me dissesse que era gay, ia-me custar um pouco a colocar tamanha informação dentro de mim…
(Mas depois, com jeito, paciência e um pouco de vaselina, acho que lá acabava por conseguir.)

É certo que ia ser chato ter um filho homossexual – até porque nunca iria poder levá-lo a um bar de striptease, elogiar a sua namorada e, muito menos, conhecer as amigas giras da sua cara-metade – mas a decisão era dele. E quando somos pais, o que nos interessa realmente, no fundo, no fundo, é que os nossos filhos sejam muito felizes! Independentemente do que lhes possa interessar, a eles, (ter) no fundo, no fundo… Agora, se tivesse um filho que me dissesse que queria ser do Porto?! Ui… Aí levava logo uma estampilha no focinho que era para aprender!

Estou a brincar… Até podia ser do Futebol Clube do Porto, ou até mesmo do Sporting, que eu não me importava. Agora, escuteiro?! Escuteiro? Isso é que não! Um pai aguenta quase tudo, agora, escuteirinhos em casa?! Isso já é de mais! Aqueles tipos são sinistros, pá… Parecem membros de uma seita qualquer. Todos de calçõezinhos azuis, camisa castanha, lenços ao pescoço e pompons nas meias. O que é aquilo, meu Deus?! Que indumentária vem a ser aquela? Já para não falar dos escuteiros adultos… Ver homens de 60 anos, de calções, lenço ao pescoço, chapéu à guarda-florestal e cajado, como se estivesse a guardar um ‘rebanho’ de crianças de 10 anos… É algo deveras assustador.

Eu até percebo que o conceito de se andar nos escuteiros, quando somos jovens, possa ser deveras engraçado: ir para o mato, (andar na marmelada) aprender a fazer fogueiras com pauzinhos, (andar na marmelada) aprender a montar uma tenda, (andar na marmelada na tenda) e ainda dar umas longas caminhadas pela natureza, longe de tudo e todos (até porque muita marmelada de seguida acaba por enjoar). Mas será que era mesmo preciso usarem aquela roupa? Não seria mais fácil umas calças de ganga? É porque no mato há bichos, urtigas e cenas que aleijam, pá! Será que os calções, ou saias, e aquelas meias à – Pipi das meias altas – são suficientes para proteger as pernas da malta? Não me parece…

Escuteiros de Portugal, prometo que não vos incomodo mais se me souberem responder a esta questão (palavra de não escuteiro): quem é que inventou aquela fatiota?! E não me venham cá com histórias que foi o Baden-Powell, que eu vi a roupa do Sr. General e ele andava de calças! Quanto muito podem-lhe atribuir a ideia do chapéu, agora o resto?! Duvido… Isso cá para mim teve uma mão feminina pelo meio. Ou então, possivelmente, a ideia proveio do filho dele! Mas claro, logo depois de ele lhe ter dito: “Pai, mãe, sou gay!”

Será que estou certo? Não sei. Ficarei a aguardar que alguém me esclareça… Adeus e até para a semana

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Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
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