O Arautos da Xenofobia, ou o Novo Império Austro-Húngaro

A União Europeia (UE) está a tremer como nunca. Depois da vitória do Brexit, seguem-se dois episódios contrários aos interesses de uma UE coesa: nova votação para as presidenciais na Áustria, e referendo à recolocação de migrantes na UE, na Hungria. Mais uma série de investidas plenas de xenofobia à Europa.
 
Ambas as votações terão lugar no dia 2 de Outubro, ao que tudo indica, e partilham o mesmo rumo no que toca ao possível resultado final das votações: a vitória da xenofobia. 
 
No país da “Música no Coração” a vitória do candidato dos Verdes, Bellen, por escassos votos, contra o neofascista Hofer, e foi contestada por irregularidades na contagem dos votos por correspondência (e assim, o Tribunal Constitucional deferiu o pedido dos neofascistas para novas eleições). A extrema direita austríaca tem, de acordo com algumas sondagens, todas as condições para ganhar as eleições.
 
Já no país magiar, a Hungria, por onde também passa o Rio Danúbio (em Budapeste), o referendo perguntará o seguinte: ““Querem que a União Europeia decrete uma relocalização obrigatória de cidadãos não-húngaros na Hungria sem a aprovação do parlamento húngaro?”. Orban põe e dispõe do presidente do país, assim como do parlamento, onde detém maioria absoluta, e (infelizmente) também goza de um amplo apoio popular quanto às medidas mais odiosas para com os direitos humanos mais básicos.
 
Pior que Orban, talvez mesmo só Duterte, o actual presidente das Filipinas, que ordena executar traficantes de droga e outros criminosos…
 
E é assim, uma UE destroçada por neofascistas que impugnam  eleições livres e justas, xenófobos que ganham eleições e (provavelmente) referendos, ministros alemães petulantes que lançam boatos em como Portugal precisa de mais um resgate, políticos à direita que não assumem as responsabilidades na gestão danosa do erário público português, entre muitas outras peripécias de uma Europa que faz as delícias dos seus maiores adversários no plano económico e geopolítico.
 
Esta UE não é a UE em que me revejo. Quero e desejo uma Europa com liberdade, igualdade de oportunidades e de direitos entre os cidadãos, e de solidariedade e fraternidade entre todos os estados membros. Só assim, estou em crer, se cumprirá Europa.