Arroz Com Arroz, há mais de um ano!

E simplesmente pelo facto de eu não ter ainda brancas no cabelo, ou parecer despenteada, ou vestir algo velho, o preconceito caiu sobre mim como uma avalanche.

Após tantos meses de busca de emprego, alarguei as pesquisas e cheguei ao sub-título de “trabalhos domésticos”. Não fosse eu uma defensora da igualdade e lutadora contra o preconceito, decidi assumir na primeira pessoa, que um emprego igual a tantos outros e que efectivamente seria pago, era bom numa altura em que tudo que eu preciso é isso mesmo, um emprego.

O Zé Povinho não está culturalmente preparado para empregadas domésticas de 29 anos. Nem que usem sabrinas em pele (oferecidas por uma tia), ou que usem um Swatch  grande e dourado (com mais de 5 anos), ou que tenham finalizado uma licenciatura (ainda com atrasos nas propinas por causa do desemprego), ou até que simplesmente não se pareçam com ET´s.

E portanto, descobri esta semana que não sirvo para limpar, ao som de uma frase que me matou de raiva e que ia fazendo com que eu insultasse o senhor, não fosse eu uma menina educada e com alguma paciência para a ignorância: “A Catarina não se está a imaginar de esfregona na mão, pois não?”

– “Senhor X, acha que limpo a minha casa como? De avião lançando pozinhos mágicos de limpeza?”

“A Catarina tem claramente uma imagem exagerada para a função”.  – A contar com este discurso ridículo, fui propositadamente de t-shirt lisa, unhas sem verniz, e retirei toda a maquilhagem que tinha na cara. Nada de bijuteria. Nem assim.

“ A Catarina não acha que passar da área Social para limpezas é demasiado extremo?” – “Senhor X, estamos em Portugal, ano 2014…não acha que essas questões já deveriam ser mitos?”

Foi basicamente isto. Ficou de me ligar para fazermos um dia de experiência no condomínio em questão.

Adivinhem?! Pois é.transferir