As Desavergonhadas! – Mas o que raio vem a ser isto?

As Desavergonhadas! – Mas o que raio vem a ser isto?

Estava eu, de uma forma bastante pacata, a beber um cafezinho numa esplanada de um café perto da minha habitação, quando sou interrompido por gargalhadas histéricas de duas adolescentes que estavam na mesa do lado. Primeiro, e após uma fugaz espreitadela para as duas raparigas, confesso que o meu primeiro pensamento foi: “Ah, miúdas novas… Andaram a fumar daquelas porcarias que fazem rir, e depois em vez de se fecharem em casa sossegadas, não, optam antes por vir para a esplanada fazer barulho e perturbar o sossego de quem apenas quer saborear o seu cafezinho, de forma pacata…”

(Uma nota que me parece relevante antes de avançar com a crónica. Quando afirmo que elas andaram “a fumar daquelas porcarias que fazem rir” falo, obviamente, de droga. Mas não de droga como deve ser – como aquela que era consumida nos meus tempos de jovem faminto por descobrir tudo o que o mundo tinha para me oferecer. É que, nos tempos que correm, a droga já não está pela hora da morte… Não é por nada que, hoje em dia, existem menos pessoas a falecer de overdose do que na minha altura: é sinal que a droga já não é o que era… Ora continuemos…)

Mas depois percebi que sim – elas estavam verdadeiramente sobre o efeito de estupefacientes, mas também estavam a debater um tema que me deixou ainda mais perturbado. Elas estavam a falar de uma luta entre duas mulheres, num programa qualquer que passa na SIC Radical, de seu nome – As Desavergonhadas. E elas estavam completamente em êxtase, porque a Ronda – e passo a citar – “tinha partido a boca toda à Jenna”. Ora, então é com este tipo de “distracção” que os jovens de hoje em dia rejubilam que nem doidos? No meu tempo rejubilava-se com os “Jogos Sem Fronteiras”. Nos tempos que correm é com mulheres à bulha num programa de televisão. Fiquei intrigado, levantei-me da mesa, paguei o café e dirigi-me a casa para tentar pesquisar um pouco sobre esse tal programa de seu nome “As Desavergonhadas!”.

Então o que descobri foi que esse tal de programa se chama, na verdade, “Bad Girls Club”, e que se trata de um reality show americano, que resulta na junção de várias mulheres que se auto-denominam de “Bad Girls” dentro de uma casa. O programa tem a duração de três meses, e consiste em colocar sete mulheres dentro de uma casa de luxo, com tudo do bom e do melhor, mas que têm de obedecer a algumas regras e realizar algumas tarefas – tarefas essas que, se não forem realizadas, as mulheres arriscam-se a serem expulsas e entrarem outras para o seu lugar.

Até aqui tudo muito bonito, até regressarmos ao ponto em que elas são todas umas “Bad Girls”. Ora, se o facto de se juntar várias mulheres fechadas dentro de uma casa durante três meses já é mau, então a coisa torna-se ainda mais complicada quando se tratam de “Bad Girls”. Decidi então partir para o atroz desafio de ver um episódio, para tentar entender o porquê de este reality show ter tanto sucesso. E, muito sinceramente, acho que nos primeiros minutos de visualização, fiquei logo traumatizado e enojado com o que vi. É que, na verdade, todas aquelas mulheres não são apenas umas “Bad Girls” à procura de fama. Elas são, de facto, umas valentes bestas! São mal-educadas, insultam-se permanentemente, são umas autênticas javardas e bebem todas as noites álcool como quem bebe água depois de estar um ano inteiro perdido no deserto e que, de um momento para o outro, acaba por descobrir água. São, na mais pura das definições, mulheres desprezíveis.

Mas… quando estava quase a desligar a televisão de tão enojado que estava, eis que algo estranho se sucede. Depois de uma noite de copos, e de estarem praticamente a insultarem-se umas às outras, eis que duas mulheres decidem passar da violência verbal para a violência física.

E… então… a coisa a modos que ficou muito mais interessante…

O homem que há em mim sobrepôs-se imediatamente ao meu lado mais moralista, e começou a gostar daquilo que estava a ver. Elas puxavam os cabelos uma à outra, e eu gritava “Dá-lhe uma chapada agora!”. Elas agarravam-se uma à outra, e eu voltava a gritar algo como “Aperta-lhe o mamilo!” ou “Apalpa-lhe o rabo!”… Eu estava realmente a apreciar aquele espetáculo degradante. De tal forma que comecei a sentir-me uma valente besta, por estar a ver aquilo. Mas, imediatamente a seguir, lembrei-me que sou, de facto, um homem. E o homem tem fraquezas. E fantasias… De tal forma que decidi ir pesquisar no YouTube, por vídeos deste reality show. E descobri verdadeiras pérolas. Descobri vários “Top Ten” das brigas mais agressivas de cada temporada. E aquilo é ouro!

E acabei por ficar viciado no reality show, caramba…

De tal forma que dei por mim a enviar um e-mail para a direcção do programa, a pedir que começassem a incentivar a que existissem brigas entre as mulheres, sim senhor, mas que isso começasse a acontecer dentro de uma piscina contendo lama. Há lá coisa mais sexy do que ver mulheres à luta dentro de uma piscina com lama, caneco? Ou então, dentro de uma piscina repleta de chantilly…

Eles foram muito simpáticos e responderam-me imediatamente, dizendo algo como: “Ó meu caro amigo, vá bugiar!”

E eu respondi-lhes na mesma moeda, dizendo algo como: “Adorava ir bugiar, mas acontece que tenho de ir ver mais um episódio de “As Desavergonhadas!”, por isso não vai dar…

Isto é que é uma “Vida de Cão”, hem…