As fábulas dos famosos – Trump e o esquilo astuto

Era uma vez, numa terra muito distante, separada por mar daquele que haveria de ficar conhecido como o continente europeu, um lugar onde, na entrada da caverna conhecida como a toca do urso, vivia um sujeito pré-histórico chamado Trump.

Lá porque tinha conseguido correr daquele local com os anteriores habitantes e estava na posse de muitas pedras de um metal precioso chamado ouro, achava-se muito inteligente, embora na verdade mais se assemelhasse a um babuíno nos sons que emitia quando dava a sua opinião a respeito de alguma coisa.

Um dia, foi à caça e, desesperado por encontrar comida, entrou num bosque encantado, onde deparou com um esquilo assustado ao vê-lo. O animal perguntou-lhe o que fazia, supostamente longe de casa, por nunca até àquela data ter ouvido falar da presença humana num raio de muitas centenas de quilómetros.

Ao vê-lo bem nutrido, Trump não calculou que passasse fome. Todavia, não vendo em redor nogueiras nem avelaneiras das quais pudesse retirar o seu sustento ficou desejoso de saber se no sítio onde ele ia alimentar-se de frutos secos, haveria outros animais, até de maior porte, com ar tão apetecível em que desse vontade de dar umas valentes dentadas, perguntou-lhe se da próxima vez em que ele lá fosse, podia acompanhá-lo para, pela primeira vez em muitos anos, poder fazer uma refeição na companhia de alguém, já que andava a sentir-se muito só e por diversas vezes lhe passara pela cabeça partir dali para parte incerta.

Que não tivesse medo de ele ir lá roubar-lhe alimentos, porque não queria fazer mal a ninguém e só queria saber de tornar a sentir-se rodeado de amigos, além de que se o pequeno esquilo fosse tão inteligente como aparentava, de imediato deve ter percebido que vinha acometido das melhores intenções.

Assim sendo, no dia seguinte e sensivelmente à mesma hora, Trump surgiu de novo no bosque, num das mãos com uma moca de pedra e, às costas, transportando um saco de pele que estranhamente estava vazio, como um político que na hora de retribuir o gesto de confiança dos eleitores que votaram em si, se lhes apresenta de mãos a abanar, sem nenhuma das medidas com que fez campanha no período que antecedeu a vitória. Claro que ao esquilo, muito bem posicionado lá do alto da árvore em que o viu chegar, este facto não causou qualquer estranheza. De resto, só surpreenderia quem, por ingenuidade, esperasse que dentro dele, Trump se desse ao trabalho de trazer algumas prendas para presentear os seus novos amigos, o que era altamente improvável.

“Porque não trazes comida? E por que é que o saco vem vazio?“ Perguntou-lhe o esquilo, mantando-se afastado, consciente de que da manutenção da distância entre ambos é que poderia depender o facto de continuar vivo. Apesar de desagradado com a pergunta, Trump não deu parte de fraco. Não perdeu a compostura e depois de afirmar que tinha almoçado em casa, passou a explicar que levava o saco para ajudá-lo a transportar para a sua árvore, todos os frutos secos que encontrassem pelo caminho.

Nesse instante, o esquilo desatou a rir e subiu para o cume da árvore, a fim de ficar a salvo da ira de Trump, ao mesmo tempo que dizia “julgavas que me enganavas? Percebi desde o início que a tua intenção era apanhar-me, mas fui mais esperto e consegui escapar-te!”, pondo-se-lhe a atirar cascas de noz tendo o cuidado de fazer pontaria para não falhar na cabeça, que era onde imaginava que mais lhe havia de doer.

Dito isto, Trump desatou a gritar, atribuindo culpa ao sistema, a tudo e a todos, dirigindo impropérios sobretudo às mulheres e aos imigrantes, que eram as tribos nómadas de passagem, que acampavam por umas semanas até esgotarem os recursos naturais daquelas paragens, antes de partirem para outro lugar.

Acabou por voltar a casa, indo-se embora com a promessa de construir um muro em redor das suas terras, para o caso de que se algum animal pensasse em sair do bosque não ir lá bater-lhe à porta a incomodá-lo.

FIM

Moral da história:

Se não consegues vencer nem juntar-te ao teu inimigo, melhor será pensares em mudar de casa para um sítio onde não te lembres de que ele é mais esperto do que tu.