As mulheres e o sexo

Gosto de sexo. Violento, agressivo ou o simples amor de dois corpos devotos e suados. Gosto do “não pares“, do “com mais força“, do “não aguento mais“, do “vou me vir“. O sexo não é infinito a mente sim e no que toca a fantasias, todos somos sádicos, perversos e lascivos. O sexo não é como nos filmes eróticos nem como nos filmes pornô, é melhor, muito melhor, é real, sem gemidos simulados, sem mamas falsas nem pénis que aguentam horas.

Todas as mulheres deviam gostar de sexo ou aprender a gostar, deviam ser putas, meretrizes, sádicas e desavergonhadas. Usar lingerie, meias com ligas, vestido sem cuecas vestidas, tirar fotos sensuais, fazer poses lúbricas, dançar nuas, filmarem-se a ter prazer, dizer palavrões ao ouvido, gemer até os vizinhos se sentirem incomodados. Já vos disse que gosto de sexo? Sim, gosto muito. As mulheres deviam ser egoístas, não fazer fretes nem sexo oral se não lhes apetecesse, deviam colocar o seu prazer sexual como prioridade, colocar o companheiro às suas  ordens, como ela quisesse e lhe apetecesse naquele exacto momento, mas fomos formatadas para o amor e sacrifício, ambos incompatíveis mas absolutamente imprescindíveis no mundo feminino, por isso, o sexo pode esperar.

As mulheres deviam se masturbar sempre, ser até um ritual diário matinal, como lavar os dentes e tomar o pequeno almoço, ah…se as mulheres soubessem o poder que carregamos nas nossas delicadas mãos e singelos dedos, saberíamos que somos capazes de dar todo o prazer a nós mesmas, todos os gemidos provocados por nós são a prova mais concreta do quão autodidacta a mulher consegue ser, dildo, dedo, vibrador, esponja do banho…meros artefatos no encontro do prazer com nós próprias. Gosto mesmo muito de sexo, já tinham lido isso?

A sensação que temos quando acabamos de ter sexo é incrivelmente poderosa, ficamos com a sensação de que podemos salvar o mundo, seja lá em que quarto do motel estamos. Olhamos de soslaio para o parceiro dos lençóis, embriagados em fluidos sexuais e pensamos: és uma boa foda, sortudo da merda! O orgasmo tem essa capacidade, de nos fazer sentir umas deusas, esquecemos a celulite, os quilos a mais, as contas para pagar, a reunião na escola do puto mais velho, o trabalho no dia a seguir com o chefe inoportuno e o colega idiota. O orgasmo, a adrenalina do “está quase“, a pele arrepia, a boca geme, dentro de nós é um frenesim, é isso mesmo, o sexo é incrivelmente bom, eu, tu e o orgasmo fazemos um saboroso trio, perfeito quanto o trio que flutua alegremente na minha fantasia mais ansiosa de ser cumprida. Gosto de sexo e vocês?

Há alguns anos atrás alguém me disse que eu tinha ar de inibida, ar de, passo a citar: pouca pimenta, oh meu querido como tu te enganaste, sinto pena por ti! É possível saber se a pessoa gosta de sexo só de olhar para ela? Conhecemos algumas pessoas e pensamos: hum…deves dar umas valentes quecas ou olhamos para certas pessoas e e ocorre-nos: hum…tens ar de quem não vale um corno na cama. Onde está escrito que um homem com muita experiência sexual é aquele que se envolve com muitas mulheres? Não se iludam , há homens que não sabem o que fazer com uma brasa entre quatro paredes, a auto estima queima, problema deles.

Incomoda-vos se eu disser que gosto de sexo? De pé, de quatro, deitada, de lado, sentada, de joelhos, aqui, ali, acolá…porquê é que uma mulher não pode escrever sobre sexo? Porquê é que é tão lascivo ouvir uma mulher a falar sobre sexo? É suposto não gostarmos de foder? Porquê? Somos putas por isso? E depois, qual é o problema? Temos de fingir prazer como fingimos felicidade? Não. Eu não fui formatada para fingimentos nem para merda nenhuma. Sou tudo ou nada. Sou mulher e gosto de sexo. Muito.