Ashley Madison – a fragilidade da Internet

Leitor, se neste momento está na Internet a pesquisar, ou melhor, a espionar as contas de e-mail da sua querida esposa/esposo, então não perca mais tempo. Leia a minha crónica que eu vou fazer o leitor mudar de ideias.

Aquilo que há muito eu previa aconteceu, o site Ashley Madison, criado exclusivamente para relacionamentos extraconjugais, foi recentemente alvo de pirataria, expondo ao público todas as informações confidenciais de mais de 37 milhões de infiéis.

Primeiro vou contar ao pormenor o que aconteceu a este site de grande categoria. Um grupo de hackers, intitulado Impact Team (belo nome), no inicio de Julho pirateou o site Ashley Madison, roubando os dados de todos os usuários, inclusive as contas de e-mail, passwords, pagamentos, com quem conversaram e quem bloquearam, data do último acesso, fotografias, nome e número do cartão de crédito. Após o sucedido fizeram um ultimado à empresa em questão para que esta desactivasse o site. A empresa ignorou o aviso e os Impact Team colocaram à disposição de quem quisesse ver todos os dados dos assinantes. O objectivo do grupo foi, nada mais nada menos, que provar ao mundo que a internet não é segura. E, desculpem a minha honestidade, não poderiam te-lo feito de melhor forma.

Segundo, eu sou do tempo (lá vem ela) em que se flirtava com o jardineiro, ou dava-se uns amassos com o padeiro enquanto o marido estava na tropa. Actualmente estragaram todo o conceito de flirt. Então eu vou inscrever-me num site, ainda por cima vou pagar, vou escolher o macho que quero através de um belíssimo catalogo, onde não deve faltar um pouco de tudo, vou engata-lo, tudo via internet, e se a coisa correr bem vamos tomar um café e posteriormente dar umas kekas por aí. Mas isto tem alguma piada? É isto que dá tesão? Aonde está o imprevisibilidade da atracção? O foi à primeira vista? Não sou fá deste conceito lamento.

Terceiro, o site foi um alvo fácil e previsível, qual é a melhor maneira de captar a atenção de milhares de pessoas sobre a segurança da internet? Acertou leitor, pirateando algo completamente proibido e não aceitável na sociedade. Noel Biderman, fundador e director-executivo do site, o homem que disse há dois anos numa entrevista, “Nunca serão descobertos e isso vai permitir-lhes manter o casamento”, demitiu-se, a empresa já tem, pelo menos, uma acção judicial, interposta em Los Angeles por um utilizador do site (corajoso pá, infiel mas corajoso), que pede uma indemnização por danos morais e psicológicos, negligencia e invasão de privacidade. E se as cornudas e os cornudos (desculpem mas não resisti) resolverem também pedir indemnizações? Não há chifres que aguentem isto! Agora em modo mais serio, alguns utilizadores estão a ser vitimas de chantagem e crimes de ódio, inclusive já há três suicídios relacionados com o caso, a mim parece-me uma vida perdida estupidamente tendo em conta o drama global que estamos a viver neste momento.

Quarto, não é que afinal andamos todos a ser enganados? Quer dizer, todos não, apenas os tótós inscritos no site. Depois de as informações terem sido pirateadas, um blog especializado em tecnologia comparou os dados e constatou que há uma enorme diferença entre as mulheres inscritas e activas no site e os homens nas mesmas condições, uma diferença abismal de milhões. Espera aí, quer dizer que…pois, aquilo e tal é verdade? Isso mesmo leitor, estes jeitosos armados em salta-pocinhas andaram este tempo todo a pagar para falar para as paredes, teoricamente. Sim leitor, agora soltei um riso maléfico, apeteceu-me, ao perceber mais uma vez, que até em questões de infidelidade as mulheres são mais inteligentes que os homens.

Quinto, se o numero 37 milhões não o espanta, saiba que na cidade do Porto somos uns infiéis de primeira, com 7399 utilizadores contra apenas 1266 de Lisboa. Estou preocupada! O que se passa no Norte? Não andamos satisfeitos com a vida matrimonial? Precisamos de sardinha fresca de vez em quando? Oh bai-me à loja, não bês que aqui somos mais quentes, carago!

Sexto, afinal a internet não é segura, nunca foi na realidade nem nunca será, é este o revés das novas tecnologias, se antigamente o papel escrito resultava, hoje tudo passa pela internet, e a partir do momento em que estamos online, não há nada, mas mesmo nada que fique offline.

Para finalizar, um curto dialogo entre marido e mulher:

– Posso saber o motivo de tares inscrito num site para casos extraconjugais?

– Como é que sabes que estou inscrito?

-Eu inscrevi-me para ver se tu estavas lá e tu estavas!

-Olha que coincidência! Eu também fiz o mesmo!