AAC

Associação Académica de Coimbra / Organismo Autónomo de Futebol

Não sou nem nunca fui sócio do Organismo Autónomo de Futebol (OAF). Mas a Associação Académica de Coimbra (AAC) foi a minha segunda casa (durante os tempos em que fui colaborador da Direção Geral até chegou a ser, muitas vezes, a primeira). Por isso o  meu desejo de falar daquela que será sempre a minha segunda casa e que acompanharei sempre.

Convém contextualizar, para quem não conhece a AAC. A AAC é, para muitos, a associação dos estudantes da Universidade de Coimbra. Mas pensar nisso é gigantescamente redutor. A mais antiga associação académica do país não só representa os estudantes daquela Instituição, como é uma das maiores (talvez a maior) produtora de cultura e desporto na região centro. A AAC tem 15 secções culturais (de entre as quais destaco aquelas que melhor conheci, como a secção de jornalismo, que edita o jornal A Cabra, ou a secção de rádio – Rádio Universidade de Coimbra, ou a secção de Fado, que mantém viva a tradição, albergando uma escola de música, grupos de Fado de Coimbra, a Estudantina Universitária de Coimbra, a Orquestra Típica e Rancho, Grupo de Cordas, a irreverente Orxestra Pitagórica, entre outros grupos), 27 secções desportivas, grupos académicos (onde se incluem tunas das faculdades) e organismos autónomos (onde se incluem o Orfeon Académico de Coimbra, Coro Misto, entre outros). Neste grupo dos organismos autónomos (que como o próprio nome indica, são de gestão separada da “casa-mãe”, como muitos dos grupos académicos) está o OAF, que gere o futebol profissional, a equipa que, até ao final desta época, estará na II Liga, mas na próxima, descerá à Liga 3.

Este é, sem dúvida, um momento muito difícil para o OAF. Depois de décadas entre a I e a II Ligas (as ligas profissionais do futebol português), a “mágica Briosa” cai para o terceiro escalão do futebol português. A recém criada Liga 3 é uma liga altamente competitiva (pelo que a tarefa da AAC/OAF não se prevê fácil), mas não é considerada uma liga profissional. Logo, vai ser por certo mais difícil os patrocínios e os apoios. Eu creio que escolhi bem as palavras ao dizer “mais difícil” e não impossível. Porque da forma como a Federação Portuguesa de Futebol desenhou esta Liga 3, com grande visibilidade associada principalmente à transmissão dos jogos no canal 11 (propriedade da Federação), os apoios podem ser menos, mas com certeza não serão tão poucos como se descesse para o Campeonato de Portugal (do ano passado para cá, a quarta divisão do futebol português). Se a situação financeira já não era boa, a confiar no que se lia na comunicação social, então agora vai ser ainda pior e será ainda mais importante o rigor na gestão do OAF.

Ninguém duvide que o futebol profissional é um negócio. E a Académica/OAF não se rege como um negócio. Ou, pelo menos, não soube estar à altura. Por isso, creio que a sobrevivência do OAF passa, a meu ver, pela criação da SAD, mas com a obrigatoriedade de, na estrutura acionista, a maioria estar sempre do lado da Associação Académica de Coimbra, seja do OAF, seja da casa-mãe. Isso possibilitaria não só acalmar os sócios do OAF, de que a “Briosa” nunca seria “vendida” (ao jeito do que aconteceu com a B-SAD), como garantiria uma ainda maior ligação da equipa profissional de futebol com a casa-mãe, (se quiserem) dos estudantes da UC.

A enorme claque Mancha Negra canta: “sabes que nunca estarás só, na primeira ou segunda divisão, porque tu és a Briosa, o orgulho do nosso coração”. Mesmo estando na Liga 3, ao verdadeiro academista nunca deixará de torcer pela mágica Briosa! Nunca deixará de sentir orgulho de ver jogar os rapazes de losango ao peito!

Um enorme FRA!