Avante Camaradas! – Gil Oliveira

Alou camaradas. Como estão vocês? Ah esperem!… Peço desculpa por vos ter tratado por camaradas. É que este fim-de-semana estive na Festa do Avante e vim contagiado com esta forma de saudação que é utilizada por toda a gente, dos 2 aos 99 anos! E já estou a ser simpático porque vi lá gente com cara de ter para aí 120! (Para aqueles que me estão a chamar comunista ou outros nomes ainda mais feios, só vos peço para pararem um bocadinho e lerem o resto do texto. Depois daqui a nada já continuam com os insultos, ok? Obrigado!)

É verdade, estive naquela que é considerada a maior festa partidária do país! Mas vou-vos contar um segredo… Eu (e para aí 80% das pessoas que estão lá) não vão lá por acreditarem nos ideais do CDU. Vamos, sim, pela comida, bebida, festa, música e convívio! Acima de tudo, o convívio! (Agora, chiuu, não digam nada a ninguém porque se forem espalhar por aí que eu disse tal coisa, eu desminto!)

Para quem nunca lá foi, o Avante é sempre visto como um “ajuntamento” de comunistas, bêbados e drogados! Ok, é certo que existe lá um ou outro comunista, 20 ou 30 drogados e 4 a 6 mil bêbados mas, o mais importante, é que são todos amigos! Ou melhor, são todos camaradas! Camaradas capazes de dar a sua própria imperial ao camarada do lado! Camaradas tão camaradas que eram capazes de dar a sua vez na fila da bifana! Camaradas tão, mas mesmo tão camaradas, que eram capazes de agarrar na pila do camarada do lado enquanto estivessem nos urinóis. (Atenção, isto se o tipo tivesse as mãos ocupadas por algum motivo, não era só porque apetecia! Estamos a falar de camaradas e não de “companheiros”. Há que saber distinguir…)

Depois temos também os concertos. Músicas de todo o Mundo, bandas que nunca pensámos ouvir na nossa vida mas que nos conseguem pôr a dançar que nem doidos! (É certo que é depois de se ingerir uma boa quantidade de álcool, mas o que conta é que nos colocam a dançar!). E, mesmo os artistas que já conhecemos de outros palcos, assim que pisam o palco principal do Avante, são capazes de nos surpreender. Ainda no domingo ouvi a Ana Bacalhau – dos Deolinda – a cantar com os Xutos e Pontapés! Isto sim é um dueto improvável! E mais improvável ainda foi ouvi-la a mandar a Troika para o Cu. Quantos de nós não tivemos já vontade de mandar a Troika para o cu e não o fizemos?! (Poucos, presumo, normalmente lembramo-nos de outra parte do corpo…)

E ainda vos digo mais! Quem é que já pensou ser capaz de ir do Porto a Aveiro em apenas 1 minuto? Ou de Setúbal a Faro em 2 minutos?! E depois sair de Faro em direcção a Moçambique, comer uma maçaroca assada na brasa e ainda ir até Cabo Verde (que é mesmo ali ao lado) para beber um grogue! Só no Avante – aquele mundo concentrado na Quinta da Atalaia – nos permite conhecer novas gentes e novas culturas sem sequer sair do mesmo recinto! E depois, no final da noite, ainda ouvir a Carvalhesa, a música que melhor caracteriza aquela festa! Um misto de sons de tambores, cornetas, luzes, fogo-de-artifício, pó, cheiros esquisitos (vindos sabe-se lá de onde) que nos põe a dançar e a saltar, enquanto passamos por desconhecidos e lhes damos o braço, para a seguir os perdermos de vista novamente! Avante é isto, camarada! Avante é fazer o que se quer, sem sermos recriminados. É dançar, comer, beber e divertir-se! «Ahh e ouvir o comício, claro! Não esquecer: ouvir o comício é importante!»

E é por isso que eu digo a toda a gente: Vá ao Avante!! Quer falar mal, esteja à vontade! Mas primeiro vá lá ver do que anda a falar!

Beijos e abraços, camaradas!

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Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
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