Uma Aventura no Empreendedorismo Jovem

Olá como está? Sim, mudei um bocadinho a disposição da sala, obrigado por ter reparado! Parece mais ampla não é?! De qualquer forma gostava de falar sobre outra coisa: Empreendedorismo.

Sou um jovem, tenho 20 anos, estudo, escrevo, tenho participação activa da vida política, tenho amigos e gosto de me divertir, mas ouvi o apelo do Governo aos jovens e assim fiz: juntei-me a um grupo de jovens, como eu, tivemos uma ideia e decidimos por em prática um projecto! Principal objetivo? Ter um emprego de sonho! Mas sinto que fui ao engano…

Primeiro dirigi-me ao IEFP para saber quais seriam os apoios do Estado ao meu projecto e a resposta foi simples: Três programas de apoio, mas com uma enorme deficiência – não há apoio empresarial. Ou seja, o Governo empresta dinheiro aos novos projectos, sendo que não cobra juros, porém é só isto que oferecem. Pondo-me no papel do Estado, acho importante que existam novas empresas, acho importante a criação de emprego, acho importante que haja criatividade no meu país, mas também seria importante que essas empresas tenham o know how que lhes podemos facultar, para que não fosse à falência rapidamente e possam crescer. Depois vem outra dificuldade: as instalações. Normalmente, e tendo em conta a juventude de quem querem que seja empreendedor, o capital inicial é 0 ou muito próximo, por isso é complicado encontrar um escritório onde começar, o que nos levou à seguinte conclusão: a Google, a Apple e outras quantas empresas de sucesso começaram numa garagem, dessa forma, facilitei a minha garagem para o suposto fim de nos acolher no inicio do projecto.

Vem então agora a nossa resolução para o problema do capital inicial 0, iniciar contactos com algumas empresas de capital de risco. Estes apesar de facultarem o capital a troca de juros, ajudam as empresas que incubam com o tal conhecimento que lhes possa falta. O que nos levantou um enorme desafio: sermos os melhores! Aqueles que comigo trabalham nesta epopeia não têm outra hipótese, serem os melhores. É isso que esperam de nós, é isso que eles esperam de mim, é isso que têm de ser. Depois vem o empenho de uns e a falta de outros, a gestão destes factores é tarefa hercúlea e porquê? Dar tarefas, ter de dar justificações para a falta de trabalho, ver outros a serem congratulados pelo bom trabalho, dentro de um grupo de amigos é incompreensível para muitos.

Nesta última semana, por força das muitas falhas de alguns, e do mau ambiente que causaram tivemos de tomar algumas decisões que não foram fáceis: afastá-los do projecto. Veio aí então o enorme desafio de tentar explicar a diferença entre amizade e trabalho. Conclusão? Falhei. Ficaram magoados, ficaram ressabiados, ficaram amuados. E eu? Bem, eu fiquei com uma ferida complicada de curar. “Gato escaldado, de água fria tem medo!” Seguiu-se então outro desafio, substituir aqueles que saíram. Ora se foi difícil mandá-los embora, encontrar alguém para preencher o lugar deles pareceu-me impossível, decidi então ligar aos que ficaram, aos que mais confio dentro dos que ficaram, da grande maioria, e foi aí que ouvi tudo o que queria: “O mais difícil nós temos! Financiamento! Encontrar quem queira gastar dinheiro é fácil, arranjar dinheiro é difícil!” E tinham razão, já tínhamos ultrapassado dificuldades maiores! Não podíamos baixar a cabeça! “Baixar a cabeça só para cumprimentar aqueles que antes eram os melhores”, e assim fizemos reunimos as tropas, fizemos as contas, o número de pessoas que tinham saído faziam trabalhos que metade das pessoas fariam, ou seja: pouca produtividade, depois percebemos outra coisa: quanto mais larga for a hierarquia mais conflitos haveriam, resolvemos então essa situação também!

E agora? O que fazer? Como fazer? Com a cabeça erguida e no lugar, olhamos para as tarefas, as que estavam feitas, as que faltavam e entendemos que estávamos a abordar o projecto do prisma errado! Nós não estávamos a ser os melhores! Os melhores não têm de encontrar desculpas para continuar, os melhores olham para tudo como mais um desafio! E nós estávamos a ser medrosos, ou outra palavra que troque a ordem das letras “d” e “r”. Pegamos em todo o trabalho já feito e aumentamos a fasquia! Refizemos tudo, desde a conta de e-mail que tínhamos, aos contactos já feitos, passando pelos documentos que tínhamos de consulta ou os que estavam a ser apresentados. Durante 6 dias, eu e a minha equipa, a quem agradeço tudo, reformulamos todo o staff, todas as tarefas, toda a exigência, com a certeza de que “amanhã” vamos olhar para trás e perceber: podemos melhorar!

Concluindo, o melhor empreendedor tem um desafio: “Quem levo comigo nisto? Os meus amigos? Ou os competentes?”, ao que a minha experiência desenrolou na seguinte conclusão – trazer os que podes confiar! E não, não são os amigos, é pessoal leal, com quem já tenhas trabalhado que saibas que o mínimo que aceitam é a perfeição.

Peço desculpa, hoje não contei nenhuma piada, não enverguei pela literatura e fugi ligeiramente ao tema da “actualidade económica”, mas sinto que tinha de partilhar isto consigo, espero que sinta o mesmo que eu em relação a este episódio, que a única entidade divina que nos limita é a capacidade humana, é a criatividade, é o esforço, a dedicação, a devoção, para nos dar a Glória.

PS: claramente o lema do meu Grande Amor na última frase. Ainda estou em fase de recuperação depois do que aconteceu no Jamor no passado domingo, mas um claro sentido de orgulho eterno do que foram 10 leões contra 11 humanos… SL