Aveques – Maria João Costa

Pois, já devia ter falado do “meu querido mês de agosto” mais cedo; outros já se adiantaram e usaram esse título para ocupar mais um terço de uma página do jornal, mas eu só vou escrever agora. Só agora é que encontrei o motivo perfeito para escrever sobre eles, os portugueses que falam francês, e os franceses que sabem falar português mas preferem obrigar a empregada de mesa a carregar um dicionário no bolso.
Os casamentos, batizados, as buzinadelas ao domingo à tarde, a invasão audis e mercedes, perdem o interesse quando falamos em gorjetas. Quando entram mais de oito pessoas num café (o que usa mais de três pulseiras paga a conta, é quase certo); quando juntam mais de três mesas e quando querem pagar antes de pedirem: são eles, os famosos aveques. Os que têm emprego e compram Channel em Portugal.

Gostam que percebam que eles acabaram de chegar; fazem a festa sozinhos, e nem precisam de chegar à terceira rodada para passarem a barreira da simpatia; pedem o que querem e o que acham que os outros querem, e acabam sempre por confessar que são portugueses, mesmo que em ex-terras de Sarkozy digam o contrário. Mas tudo isso perde o interesse quando falamos em gorjetas, ou antes, quando recebemos as gorjetas.
As contas de três euros pagam-se com cinquenta, e as de vinte e cinco … com as de cinquenta também, e as gorjetas de 7 euros e setenta cêntimos pagam-se com sorrisos e com tentativas de levar 3 finos, 2 coca colas, 5 Nesteas e dois príncipes sem deixar cair a bandeja.

Com todo o respeito pelos imigrantes (que são cada vez mais), espero com este texto ter proporcionado uma gargalhada, e nada mais do que isso.



Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!