Cada Avozinha…sua Mezinha… – Aida Fernandes

Hoje dei por mim logo pela manha a pensar…minha nossa ainda não escrevi a cronica desta semana! O tempo voa, não admira que os tempos sejam também outros, não admira que rápido se envelheça!

Fui trabalhar como habitualmente, mas a pensar no que haveria de “colher” para desenvolver o tema desta semana. Não foi difícil, estes primeiros dias de Inverno, onde todos começam com as gripes, constipações e a maldita tosse, surge sempre algum comentário que nos leva a repensar quer seja na forma de vestir, quer seja na forma de agir ou atuar. Ora se estamos num local mais quente e vamos para o frio (fumar um cigarro por exemplo) lá vem o “velhinho” que diz:-cuidado que vai constipar! Cuidado com essa tosse! Vista o casaco…está de manga curta, vai ficar doente!:-Sabe o que lhe fazia bem a essa tosse?-um xarope feito de cenoura! Sabe o que fazia bem á constipação?-um chá de limão bem quente!

Eis que a ideia nasce, desenvolver as Mezinhas das Avós! Quem não conhece as tão famosas Mezinhas? Há quem diga que são mais eficazes que os medicamentos. A verdade é que, ainda hoje, e apesar da existência da medicina moderna, várias culturas preferem a medicina tradicional para curar alguns problemas de saúde. As gerações mais antigas continuam a passar para os mais novos algumas das técnicas da medicina tradicional.
As avós têm sempre uma técnica caseira para curar uma constipação ou uma rouquidão. Sem uma base científica, fundamentam! Mas será que é realmente possível curar problemas de saúde com “mezinhas da avó”? Muitos médicos são céticos quanto à eficácia destas técnicas, no entanto, e pesquisas científicas comprovam-na, uma coisa é certa: muitos destes tratamentos caseiros baseiam-se em plantas e ervas, à semelhança de alguns fármacos.

Bem verdade que existem muitas técnicas que me fazem lembrar a minha avó, e hoje pude confirmar algumas junto de pessoas que conheceram essa realidade bem de perto, onde não havia muito onde recorrer para curarem os seus males.

Dizia uma “velhinha”:- sabe menina, no meu tempo não havia cá dessas coisas como agora, esses aparelhos que fazem fumo para podermos respirar melhor! Agente ía ao monte e trazia folhas de eucalipto, colocava as folhas numa panela de agua a ferver e depois num quarto fechado lá estávamos nós a fazer o que agora faz o fumo! Era muito bom.

Outra coisa muito boa eram os chás, havia para tudo, para as dores de barriga, para as dores de fígado, intestino, diabetes, infecções, tensão, rouquidão e tantos outros males. Na altura do frio era onde mais precisávamos destes tratamentos…..nem lhe digo nem lhe conto, quando vinha o frio e as mãos se enchiam de frieiras, sabe como curávamos!…com urina quente! Ah pois é, não se esteja a rir, era verdade e bem que resultava!…quando alguém tivesse um ferimento mais grave até terra colocávamos na ferida…a crença diz “que a terra tudo cura”! Quando alguém tinha as tão famosas bexigas, era com silvas embebidas em azeite que se queimavam! Mas agora felizmente nada disso é preciso, a não ser os chás, pelo que vejo ainda se utilizam muito, é porque realmente eles fazem bem.

A verdade é que com esta conversa revivi algumas situações que passaram por mim, claro que por ter vivido com os meus avós, fui uma privilegiada neste sentido, também a minha avó tinha as suas mezinhas e as praticava, algumas já foram aqui evidenciadas, mas há uma que me marcou, talvez pelo pânico e pela aflição de ver a minha mãe a sofrer…não é que um gato lhe picou uma perna…ela sofria de tromboflebite… …e claro que rebentou uma veia …pânico total…a minha avó dizia:- vai buscar uma pataca! Eu pensava para mim, pataca, onde vou arranjar uma pataca nesta altura! Não é carnaval! Santa ignorância, ela referia-se a uma moeda para estancar o sangue e eu não tinha conhecimento de semelhante. E como esta, tantas mezinhas importantes, que devem ser passadas de geração em geração, não só pela eficácia mas porque fazem parte de uma história…tradição popular…são o exemplo de técnicas caseiras que muitas vezes nos poupam uma ida ao médico, nos poupam de gastar dinheiro em medicamentos, e sobretudo de ingerir químicos desnecessariamente.

Em questões de Mezinhas haveria muito mais que falar, se formos pelo campo da crença popular, há inúmeras, mas fica aqui o desafio aos leitores…avivar memórias e relembrar quais!
Quem sabe com a crise não vamos precisar de algumas…e quem sabe não vamos precisar dentro em breve de um chá de alecrim…para auxiliar a memória ou ainda para o estado depressivo!
Vale ainda o esforço de não deixarmos que estas Mezinhas se percam no tempo!

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A última Etapa