Banhinho é bom e eu (não) gosto!

 

Ora viva! Se a semana passada falei sobre a alimentação do bebé esta semana falarei sobre algo não menos importante: O banho! Ou “o banhinho”, tendo em conta que estamos a falar do banho de uma criança (e como toda a gente sabe quando se fala de crianças dizemos sempre tudo com diminutivos: o cabelinho, o pezinho, o banhinho, o cocózinho – mesmo que seja uma cagada monumental – é tudo ‘inho’).

Lembro-me do primeiro banho como se tivesse sido hoje. Ela, uma mini pessoa toda enrugadinha, a ser violentamente esfregada e manuseada por uma enfermeira bruta como uma pedra da calçada. Pobre coitada… Mas ela foi rija, aguentou-se, não chorou, não gritou e nem sequer mostrou qualquer sinal de angústia por estar a esfregada como um pano do chão. Desfrutou daquele banho como se estivesse confortavelmente dentro de um jacuzzi (ou da barriga da mãe, visto que ela não sabe ainda o que é um jacuzzi.)

O segundo banho já fui eu que dei. Agarrei nela com todo o cuidado do mundo (mas de uma forma deveras desengonçada, confesso) e esforcei-me ao máximo para lhe esfregar o mini-corpo e maxi-cabeleira sem a magoar. Mas, apesar de todos os meus esforços, neste segundo banho ela chorou um pouco. Talvez devido à minha falta de jeito, porque estava frio, ou então talvez porque estava a desfrutar tanto do banho que queria ficar lá dentro mais algum tempo. Mas apesar de tudo a coisa correu muito bem! Não a deixei cair, não parti nada e mesmo o choro foi uma coisa insignificante e praticamente inaudível. Depois do banho foi secar, pôr creme, vestir, dar de mamar e colocar a dormir. E foi aí que todo o mundo desabou em cima de mim… “Esta bonequinha é nossa e depende de nós para tudo! O drama, a tragédia, o orgulho!”

4 dias depois, já em casa, a coisa correu bastante melhor. Por sugestão das amigas da minha esposa tínhamos adquirido um “vaso” para dar banho à miúda. Sim, um vaso! Elas chamavam-lhe ‘Tummy Tub’, mas na realidade a única diferença entre aquilo que tínhamos adquirido e um vaso era a cor e o preço. O vaso (castanho ou verde) custa qualquer coisa como €5.00 e a ‘Tummy Tub’ (aka o vaso transparente) custa uns €50. Porreiro, não é verdade?! É pois… Ainda cheguei a sugerir adquirirmos antes uma banheira (vaso) do IKEA, algo com um nome sueco para parecer chique, ou quiçá até um balde da Vileda, daqueles bons e resistentes, mas ela recusou… Manias de mães, querem o quê…

O que é certo é que dentro do vaso a miúda estava nas sete quintas. Adorava aquilo. Mesmo quando já tinha quase um ano e mal cabia lá dentro ela adorava tomar o seu banhinho ali. Só que por esta altura nós já não a conseguíamos lavar lá dentro. Com quase 12 meses, 70cm e 8kg e tal limitávamos a deixá-la lá de molho 10 ou 15m, rodá-la para a a esquerda e para a direita e tirá-la para secar. Decididamente estava na altura de a redirecionarmos para a banheira!

Quando experimentámos colocá-la na nossa banheira foi o fim do mundo. Gritou, esperneou, arranhou, trepou pelos azulejos acima… Só visto. Conclusão: acabámos por voltar a utilizar a “tummy tub” mais 2 ou 3 dias. De seguida decidimos arranjar uma banheira pequena (daquelas que se encaixam na grande) e aí a coisa lá correu melhor. Conseguimos sentá-la, passar-lhe uma meia dúzia de compressas pelo corpo, colocar-lhe champô, abrir o chuveiro e… «BUUUUUUUAHHHHHHHHH»! Fim do mundo outra vez. Gritos, berros, socos, pontapés. (Fim do mundo – parte 2.) Volta para o vaso… Mais 2 ou 3 dias a tomar banho na ‘tummy tub’ para ela se esquecer da experiência traumática e depois voltámos a tentar o banho de banheira. Claro que desta vez já sem chuveiro.

Volvidos quase 2 meses após a sua ida para a banheira grande, o balde/vaso/tummy tub agora já só serve de tulha para os brinquedos dela e o banho é para todos nós um momento de alegria. Ela leva os brinquedos para lá, chapinha alegremente e nós deliciamo-nos a dar-lhe o banhinho enquanto desfrutamos da sua boa disposição e alegria. Mas claro que… sempre sem ligarmos o chuveiro!

A semana passada achámos que estava na altura de voltar a ter contacto com o seu arqui-inimigo chuveiro… Virámo-la de costas para o dito cujo, abrimos a água e… «BUAHHHH!!» Fim do mundo novamente. Chorou como nunca tínhamos ouvido antes. O prédio inteiro deve ter ouvido os berros dela (especialmente tendo em conta que se ouve tudo o que acontece nas casas de banhos. Por vezes até os “plofts” dos vizinhos se ouvem…). Mas desta vez já não havia vaso que a salvasse. Tínhamos que aguentar. Tomou banho enquanto chorava e esbracejava. Veio a esponja o chuveiro, e tudo o que é suposto existir no banho. Claro que tivemos pena dela, mas tinha de ser… A vida não pode ser sempre como nós queremos, disse-lhe eu.

– Muito forte Gil!”; “- Assim é que é!”; “-Os pais servem é para educar!”; etc… etc… Se por esta altura está a pensar em alguma destas frases eu agradeço-lhe imenso mas tenho de discordar… Então não é que agora a miúda até tem medo de entrar na casa de banho?!? “Olha que esta hein…” Na praia até já dá mergulhos dentro do mar, em casa foge da banheira como o Diabo da cruz. Isto realmente há com cada uma… E por aí como são os banhos dos seus filhos? Vai uma ajudinha?!

“Ai! Ai! Pai Sofre!”