Eu era pequeno, demasiado pequeno, com todos os medos e todas inseguranças do mundo, era o rei do nada quando o nada era tanto, era criança!
Fazia birra antes de ir para a cama, tinha medo, de perder tudo o que tinha, os meus pais, os meus irmãos e o meu velhinho pastor alemão.
Não tardava a noite chegava e sempre ou quase sempre à mesma hora, lá vinha ele, de chapéu de aba larga, e jardineiras laranja, de sorriso traquina de quem não teme nada, nem mesmo a noite escura e todos os seus silêncios.
O Vitinho, da cantiga, dos sonhos, do fim de um dia bem passado.
Sem querer dava-me a coragem necessária para enfrentar os meus lençóis e os meus sonhos a preto e branco.
A música sabia-a de cor, ainda hoje a sei, penso não estar errado se disser que vocês também a sabem, o Vitinho era pequeno e foi tão grande, que ainda hoje dura e perdura na nossa memória.
Talvez o Vitinho seja mais que uma memória porque nos faz lembrar de um abraço, de um beijo de boa noite que não volta mais.
Lamento, cresci, sem querer.
Peço-vos que relembrem agora a música que nos acompanhou tantas noites numa infância feliz.
Está na hora da caminha
vamos la dormir,
Vê la fora as estrelas
dormem a sorrir
e amanhã cedinho
bem cedinho, tu vais ver
acordas mais forte e mais esperto
isso é crescer
Boa noite
Sonhos lindos
Adeus e Até amanhã.
Sejam corajosos e felizes, mesmo que tenham todos os medos e a vida vos pregue uma rasteira!
Não se esqueçam de sonhar e recordar porque a vida é feita de sonhos.
P.S.: Se me permitem esta crónica é dedicada a um guerreiro e a uma das pessoas que mais amo na vida, o meu irmão.
https://www.youtube.com/watch?v=PyAZaMtvrDY
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