BREXIT?

O referendo à saída (ou permanência) da Grã-Bretanha no seio da União Europeia (UE) já está marcado para 23 de Junho. Porém, em causa estarão várias coisas, aquando dessa votação.

Uma delas será, obviamente, a questão de se saber a opinião acerca dos britânicos quanto à participação na UE. O acordo obtido pelo primeiro-ministro David Cameron é, seguramente, mau para a UE, favorável aos britânicos, mas ainda assim insuficiente para os anseios eurocépticos que tanto advogam a saída da UE. Aliás, a tendência eurocéptica vigente no Partido Conservador de Cameron vê-se na forma como diversos ministros e autarcas apoiarão a saída da Grã-Bretanha da UE. Boris Johnson, mayor de Londres, é o populista de serviço no lado dos eurocépticos. Essa tomada de posição por parte de diversos elementos de governo de Cameron representa uma outra questão em causa a 23 de Junho: o futuro a médio-prazo de Cameron enquanto primeiro-ministro britânico. Boris Johnson será certamente o candidato mais forte a sucessor de Cameron, daí ter assumido a dianteira no eurocepticismo.

Como europeísta que sou, não deixo de assinalar alguma tristeza pela forma como verifico o provável afastamento britânico da UE; porém, aquilo que se conhece do acordo entre Cameron e os restantes 27 estados-membros da UE coloca tudo aquilo que são ganhos a favor da Grã-Bretanha, e as totalidade das perdas ficará a cargo da UE. Assim sendo, reprovo o acordo, e a UE certamente que ficará mais pobre com uma Grã-Bretanha tão forte nuns pontos, e tão fraca na sua solidariedade para com os estados-membros europeus.

Ficarei a aguardar a forma como os britânicos pensarão a UE. Estar na UE implica responsabilidades; talvez represente mesmo deter mais deveres do que direitos; mas uma nação forte ética e moralmente, como a britânica, não se subjugará, creio eu, a premissas financeiras e economicistas impregnadas de xenofobia. Penso que o lugar da Grã-Bretanha é dentro da UE, mas também creio que nunca deverá ser da forma que se prevê no acordo.