O capuchinho verde e os quatro lobos maus

Sejam, desde já, bem vindos a este nosso local onde, a partir de agora, podem ir sabendo a minha opinião sobre a economia nacional, internacional e as suas implicações na sua vida.

Hoje, gostava de falar sobre uma notícia divulgada ontem, pelo Económico. Reporta então o jornalista Filipe Alves que “O Banco Central Europeu (BCE) exige ter a palavra final em qualquer solução que venha a ser encontrada para os clientes que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GSE)”, algo que vem enriquecer ainda mais todo este filme.

Vamos recapitular este episódio, para que não sejamos injustos com a trama: primeiro o GSE, numa medida de quase desespero, decide emitir 520 milhões de euros em notas de crédito, através do BES, tendo em conta as condições oferecidas a afluência à campanha foi de milhares de pessoas; de seguida, sabe-se das condições financeiras do BES e consecutivamente do GSE e percebe-se o seguinte: não há salvação para o grupo; posteriormente a banca rota e toda a fantochada do Banco Bom e Banco Mau; a criação do Novo Banco, a turbulência e as Comissões Parlamentares, e por fim a tentativa de solução de devolver aos clientes lesados o dinheiro que lhes pertence e que ninguém, à exceção do irmão da pasteleira Salgado, (lembro que as únicas ofertas que o banco tinha eram os bolinhos da irmã, que numa falta de ética enorme nem a receita partilhou), sabe onde está.

Mas não é da má fé bancária, que tanto nos espanta, que quero falar, é exatamente da originalidade deste conto. Na verdade, o que aconteceu foi uma mistura entre “A Branca de Neve” e o “Capuchinho Vermelho”, que nem os Irmãos Grimm numa tertúlia com Fernando Pessoa no auge do seu consumo opiáceo, surgiria. Notem então, que vos vou contar a mesma história, mas de outra forma:

O capuchinho verde é aliciado pela mãe, (o gestor de conta), a levar pastelinhos à avó que estava muito mal de saúde, (o BES), pelo caminho os Lobos Maus vêem a ingénua Capuchinho a levar um saco cheio de dinheiro e pensam “isto a mim faz-me ainda mais falta”, encurralam o BES no quarto e comem-no, levando-o à falência, quando lá chega a pobre menina, esta pergunta aos Lobos Maus disfarçados:

– Que buraco orçamental é esse?

– É impressão da consultoria, minha querida netinha…

– E que ganancia é essa de tirar os bolinhos todos de uma vez?

– Não é para pagar as dividas das outras empresas do GSE, netinha… Só trouxeste estes?

– Avozinha tenho mais em casa, mas que apetite tão estranho é esse?

– Para te roubar melhor!!

E acaba por comer a Capuchinho, de seguida vira-se o Lobo Mau Novo Banco e diz: “Agora se vier o caçador, a quem abrem a barriga não é a mim, não a comi com este novo casaco”, o Lobo Mau Banco de Portugal responde: “Pois, nem mim, porque eu só autorização para comerem”, indignado o Lobo Mau Banco Mau diz “Pois a mim não vale a pena, já estou em processo digestivo em Angola”, preocupado o Lobo Mau Banco Central Europeu responde “Vocês é que sabem, mas eu sou amigo do Caçador, a mim ninguém corta a barriga, mas têm de arranjar uma solução que eu aprove!”

Entretanto, e com medo das consequências, chega a Bruxa Governo, com uma maçã mágica e dá-la de comer ao Caçador CMVM, e este cai num sono profundo e fica até o Príncipe Encantado lhe dar um beijo…

Conclusão, a não ser que haja algum membro de realeza fantasiosa a acordar a Justiça, este caso corre o risco de ficar em apneia durante uns anos. Evitando fazer previsões com o medo de acertar, sugiro que os lesados esperem por um milagre, porque neste caso só isso vai devolver-lhes o que é seu!

Deixo-vos assim, este que tanto vos preza, e até à próxima 5ª!