Carteira pede para ser assaltada – Maria João Costa

Para uma mulher, perder a carteira é quase tão mau como uma adolescente não ir ao concerto dos One Direction. É de levar as mãos à cabeça, de ativar o modo furacão e virar a casa do avesso quando já se tem a certeza que a carteira não está em casa. Mas quando alguém rouba a carteira, porque a porta do carro ficou completamente aberta, e com a carteira à vista de tudo e de todos, a pedir “leva-me, por favor”, bater em alguém torna-se uma necessidade que não é satisfeita (na maior parte das vezes).

Tudo bem, foi uma distracção demasiado grande, a porta ficou aberta cinco segundos, mas foi o tempo suficiente para alguém levar passe do autocarro, cartões de desconto, cartão de débito, cartão de cidadão, cartão de duas mil lojas cheios de brindes e promoções, cartão de alguma coisa que por acaso não é importante, mas faz falta.

Dinheiro, nem um cêntimo, teve azar. A esta hora, a carteira, que por acaso tinha a sua classe, já está num canto qualquer, com os cartões todos, à espera que alguém a encontre para se rir das fotos do cartão de cidadão e da carta de condução. Esse alguém também vai confirmar se tem algum euro para tomar um café, mas vai ter que tomar café em casa. Castigo! Para a próxima, não se ria das fotos dos outros.

O problema começa na segunda-feira: ida ao banco, a fila na loja do cidadão, o trânsito para o IMTT, os telefonemas para a Zon (ir ao cinema por metade do preço é um bem essencial para a sobrevivência de qualquer ser humano), pedir a família as fotos de passe (estou a brincar, só a minha mãe é que anda com fotografias na carteira), pedir um cartão novo no supermercado e pedir que carimbem tudo outra vez (eles não fazem isso, pois não) … agora que começo a pensar a sério sobre o assunto percebo que tinha cartões a mais naquela carteira, e que a semana não podia começar da pior forma!

P.s.:Não esquecer de dizer que não foi um assalto, perdeu a carteira. Dá menos trabalho a explicar e a conseguir os cartões todos de novo.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!