Catálogo do tupperware – Maria João Costa

Nunca o tupperware  foi mais do que um simples …tupperware ; já faz parte da lista “opções de prendas para aquelas pessoas que têm tudo e nunca gostam de nada”; e não vai demorar muito a ultrapassar a barreira do útil, para ser um acessório, arrisco mesmo a dizer que vai fazer parte do próximo catálogo “Moda Lisboa”.

Mas enquanto é só “útil”, vamos falar apenas da sua verdadeira função: deixar os 23% de IVA no salário no final do mês, e já agora, deixar que o 36 não passe para um 38.

Eles são pequenos, grandes, falsificados, com flores e sem flores; são brinde dos iogurtes e oferta das revistas das donas de casa; eles têm extras e gamas diferentes; eles já foram “tralha” no armário, hoje são “tralha” no metro e na secretária do escritório. Senhores e senhoras, meninos e meninos, depois da era digital, bem-vindos à era do tupperware: o melhor amigo da mulher, e da família dela.

É para o almoço, para o lanche e jantar; é para quem não gostava de comida aquecida, e para quem não se importa de a comer fria; é para quem quer poupar, e para os que são obrigados a poupar, é para todos menos para o Passos Coelho e para o Gaspar.

No escritório, já não se comparam sapatos novos, nem as últimas tendências, a competição feroz está na “marmita” mais fashion que chega a ser confundida com a com carteira Louis Vitton falsificada que se comprou na feira de Carcavelos. E para o natal, quando percebermos que já oferecemos 22 lenços à tia que tem tudo e nunca gosta de nada, arriscamos e compramos uma coisa diferente: o último grito do catálogo das marmitas.



Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!