Não deixa de ser impressionante como algo tão simples como uma bicicleta nos dava um sentimento de liberdade e rebeldia, percorrer as ruas da freguesia, cidade ou vila, fossem elas de asfalto, paralelo ou terra, tipo pardais em debandada e a grande velocidade! (vá não era assim tanta)
Grupos de três, quatro ou mais…Bicicletas de todos os tamanhos e feitios, desde a bicicleta de corrida, passando pela BMX, até a minha! Nossa, sim porque quando se têm irmãos, e mais velhos já se sabe… É de todos!
De guiador cromado, esguio, selim preto comprido, pintada num vermelho de paixão…
Não, não era uma Harley, nem uma Honda, era a minha Vilar, a minha velhinha bicicleta Vilar, foi nela que dei os meus primeiros tombos a sério, e muitas calças rasgadas, foi nela que percorri as ruas da velha freguesia de Vermoim.
Penso não estar enganado se disser que nós, pequenos, em cima da bicicleta nos sentíamos os donos do mundo.
Aquele sentimento de falsa liberdade, devidamente autorizada pelos nossos pais em troca de “recados”, como ir a mercearia ou ao talho! Tão bom…
Tardes mais que perdidas em cima da bicla, até que aos últimos raios de sol se rompessem, roda no ar, tipo cavaleiro errante em cima do seu cavalo, éramos assim, uma felicidade marcada e inquestionável.
Parados para refrescar as ideias, depois de mil corridas feitas, conversávamos sobre a vida, e que vida, plena em discussões acerca de futebol, qual a melhor tartaruga ninja, ou qual o melhor episódio do Dragon Ball!
Sentir a pequena brisa, enquanto tirávamos as mãos do volante e abríamos os braços, sempre ao som da batida dos raios da roda!
Caía a noite, o sol já tinha adormecido, era hora de guardar a bicicleta, deixar de ser o temido cavaleiro do paralelo, para ser de novo apenas um menino, cansado das aventuras do dia que findava e com a esperança de no dia seguinte voltar a “dominar” ruas, estradas e quelhas na sua velhinha Vilar de guiador cromado, esguio, selim preto comprido, pintada num vermelho de paixão…
Não, não era uma Harley, nem uma Honda, era a minha Vilar!
Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos!
Está muito boa caro Sérgio Martins e à pala dessa de “enquanto tirávamos as mãos do volante e abríamos os braços, sempre ao som da batida dos raios da roda!” espetei-me contra um portão no final da minha rua (na primeira curva à direita)…e estive quase seis meses a pagar com metade da minha mesada os arranjos no portão e da minha bicla que era de montanha (já não me lembro da marca…mas dizia “montanha”)…um abraço…
Obrigado Sandro 🙂 recordar é viver… Um abraço