Uma chapada à ventas…

“Levas uma chapada à ventas…”

Foram estas as palavras que uma criança, de +- 3 anos, disse à sua tia. Palavras que lhe custaram uma “chapada à rabo”! Depois disso a criança chorou, aprendeu, e agora ambos brincam imenso com toda esta situação. No “C’um Catano!” desta semana irei falar-lhe sobre violência.

(Uma crónica muito diferente do habitual onde o humor dará lugar à indignação…)

Se ligamos a televisão vemos guerra, assassinatos, violência doméstica, violações, etc… Se formos ao Facebook o resultado é idêntico. Se agarramos no jornal… (adivinhem lá) isso mesmo, mais do mesmo. É impossível ficarmos indiferentes aos constantes actos de pancadaria que nos rodeiam. E tudo isto porquê?! Porque na realidade há imensa falta de um bom par de estalos…
Confuso? Então eu explico…

Uma boa “chapada à ventas” faz falta a muito boa gente.  Eu ainda sou do tempo em que um boa palmada, aplicada na momento exacto, fazia toda a diferença!  Uma palmada era capaz de fazer milagres na educação de uma criança! E se não acredita em mim aqui fica um bom exemplo…

No meu tempo a palmada era utilizada como moeda de troca. Portávamos-nos bem, tínhamos o que queríamos dos nossos pais. Portávamos-nos mal, levávamos o castigo necessário. Mesmo que esse castigo fosse uma boa palmada assente em frente dos nossos amigos.

Quantas e quantas vezes é que que as nossas mães não foram “à rua” buscar-nos por uma orelha? E quantas vezes é que não levámos uma reguada, nas mãos, da nossa professora da primária, só porque lhe estávamos a faltar ao respeito?! E já agora, quantas vezes é que as nossas avós não nos deram uma boa “sacudidela de pó” só porque não falámos para elas com a educação que mereciam? Imensas, não é verdade?! Experimente perguntar a uma criança de hoje em dia quando é que foi a última vez que alguém lhes chegou a roupa ao pêlo…

Avó

As crianças hoje em dia são intocáveis. A educação está repleta de regras, leis, e teorias sobre métodos correctos de ensino. Muitos podem até achar que estamos melhor. Mas eu não! Basta apenas olharmos para os mais recentes casos de bullying, que temos tido acesso, para percebermos que as crianças de hoje em dia não estão preparadas para serem adultas.

Primeiro tivemos o caso do miúdo (das orelhas grandes) que se enclausurou em casa só porque a SIC decidiu brincar com o tamanho das suas orelhas.  Será que este rapaz nunca tinha reparado que as suas orelhas eram grandes? Será que nunca antes nenhum outro colega tinha gozado com os seus enormes couratos? Acho pouco provável. Acredito mais depressa que os seus fracos dotes musicais tenham passado despercebidos do que o tamanho das suas orelhas. Mas o problema é que hoje em dia tudo é à escala mundial. Tudo é “viral”… Tudo tem um impacto global, graças às redes sociais.

orelhas

 

Depois tivemos o caso do miúdo da Figueira da Foz. O rapaz esteve estoicamente a levar lamparinas, nas ventas, durante 13 minutos. Alguém me sabe como é que isto é possível?! No meu tempo eu não ficava 3 minutos sossegado enquanto a minha mãe me batia, quanto mais 3 minutos a apanhar de desconhecidos… Digo e repito: o problema não é ele ter apanhado porrada agora, o problema é ele não ter levado porrada em pequeno. Ao menos agora saberia como se defender…

Foz

A seguir a estes dois casos de bullying tivemos um muito mais grave: um “miúdo” de 17 anos decide matar, à pancada, o seu “amigo” de apenas 14 anos. E isto porquê? Porque tinha ciúmes dele. Das coisas dele, da popularidade dele… Ó pelo amor de Deus. Será que isto é normal? Recuso-me a acreditar que estes sejam os jovens que a nossa sociedade anda a produzir recentemente. Será que um boa “chapada à ventas” na altura certa não teria feito a diferença?! Quero acreditar que sim…

Daniel

E para terminar temos o caso do agente da PSP (este já um pouco mais velho) que decidiu distribuir pancada, de forma gratuita, por um pai de família, uma criança e o seu avô. Há quem diga que não foi de forma gratuita, que o senhor cuspiu para cima do agente. Mas mesmo que tenha sido esse o caso, será que era razão para tal? Será que uma cuspidela justificaria aquele tipo de violência?! Especialmente por parte de um agente da PSP?! Quer-me cá parecer que não.

PSP

E é por isso que eu digo: a nossa juventude está perdida. A capacidade de defesa já era, a frustração abunda em grande escala, e a necessidade de descarregar a nossa frustração nos outros é cada vez maior. Será que não estávamos melhor antigamente? Quando uma tropelia dava origem a uma palmada, e uma falta de respeito a uma valente chapada? Pense nisso…

“C’um Catano!”