Chega de traquitanas e bugigangas!

Ora viva!
Se bem se recorda, a semana passada escrevi-lhe sobre a fantástica aventura que tive para adquirir um par de almofadas decorativas. Uma crónica contada da primeira pessoa do singular do Presente do Indicativo. Ou terá sido do Particípio Passado? AH! Não. Esperem… Foi do Pretérito Imperfeito. (Até podia ter sido do Pretérito Perfeito mas o raio das almofadas não eram bem o que se pretendia por isso a história não ficou por ali…) Esta semana, aproveitando um pouco o tema da semana passada, irei falar-lhe sobre a quantidade de traquitanas e bugigangas desnecessárias que acumulamos em nossas casas.

Pare de ler por um instante e olhe à sua volta. Aposto que consegue encontrar pelo menos 3 ou 4 coisas em sua casa que não lhe fazem falta absolutamente nenhuma. Eu, assim de repente, consigo contar umas 7 ou 8. O que é normal, pois estou sentado na sala, o sítio onde acumulamos mais tralha por metro quadrado. Será que me consegue explicar que obsessão é esta que as pessoas têm por bibelots?! E atenção, quando digo bibelots não me refiro apenas às peças de Limoges que a sua mãe tem na sala, ou aos pratos que a sua avó tem em cima do armário da cozinha, ou ainda das outras traquitanas e bugigangas de barro penduradas nas paredes. Falo de tudo: a jarra sem flores que tem algures, os 300 tipos de suportes para velas, a taça para colocar as chaves, ou os mil e um “recuerdos” que trouxe de férias.

Mas porquê?! Porquê que temos esta “mania corna” (adoro esta expressão…) de trazer tudo para casa? Já para não falar das quantidades estúpidas de loiça que temos. Eu por exemplo, tenho uns 26 pratos de refeição, outros tantos de sobremesa e ainda outros 26 para a sopa. Ou seja, 78 recipientes para se colocar comida, numa casa onde apenas vivem 2 pessoas! Isto é normal?! Não, não é! Mas se por acaso disse que sim é favor vir cá a casa com meia dúzia de caixas livres, que eu tenho muita coisa para despachar!!

Agora falando um pouco mais a sério. Felizmente não me posso queixar muito. A minha casa até está um tanto ou quanto despida de traquitanas decorativas (muito graças a mim, diga-se de passagem). Sobretudo quando comparada com casas de amigos meus, onde eu até tenho vergonha de ir sem pagar entrada, visto que elas se parecem com autênticos museus. Tal não é a panóplia bibelots existentes: quadros nas paredes, obras de arte em cima do móvel da sala, esculturas em cima do aparador, naperons em tudo quanto é sitio, etc…

«E uma vez que falei em naperons sinto-me compelido a partilhar algo consigo. Eu cresci no Mundo do Naperon! Desconfio que só não fui embrulhado num naperon quando nasci porque, graças a Deus, nasci num hospital. É que se calha a ter sido em casa, como a minha mãe queria, aposto consigo que me tinham envolvido num naperon à nascença. E olhe que não estou a ser ruim. Isto são relatos da minha infância… Nós tínhamos naperons em cima de tudo quanto era sítio. Era do móvel da entrada, da televisão, da mesinha de cabeceira, do autoclismo (e por sua vez em cima do naperon tínhamos uma boneca toda catita cuja saia – feita de algo parecido com um naperon – escondia um rolo de papel higiénico), da mesa da cozinha, da bancada, do fogão… Epá só vos digo, era uma “naperonsice” pegada!»

Mas chega de falar de mim, falemos agora um pouco de si. Não acha que tem bugigangas a mais em sua casa? Ou acha que até tem pouca coisa e bibelots nunca são de mais? Se por acaso respondeu afirmativo à primeira opção, muito obrigado por concordar comigo! Se por acaso respondeu afirmativo à 2ª questão, é favor deixar a sua morada em baixo que eu tenho aqui umas quantas traquitanas para lhe enviar como sinal de agradecimento por ter lido o meu artigo!

Adeus e até para a semana.

Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
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