Chico Buarque, o garoto de Ipanema

Compositor maior da chamada Música Popular Brasileira, vindos de Chico Buarque sobram-nos motivos para acharmos que o mundo é um lugar perfeito.

Começou a cantar com desde tenra idade, mas do pai, que era escritor, é que deve ter herdado o talento para compor. Nas suas composições, cada nota musical no devido lugar que ocupa, tem a mesma função de uma palavra colocada no sentido certo para dar sentido à mais bela frase.

Ao longo de uma carreira, que vai em cinco décadas, recheada de êxitos, foi letrista, músico e autor de melodias que, comparativamente com os belíssimos concertos para piano e orquestra de W. Mozart, só pecam por serem mais curtas.

Ao longo da vida conheceu inúmeros poetas e foi à custa de conviver com eles que foi aprendendo a dar forma ao que dizia, de maneira a que o entendessem as pessoas de ouvidos mais sensíveis.

Como dramaturgo, escreveu peças de teatro que se retratassem a vida de alguém, seria de pessoas como ele que, graças à qualidade do seu trabalho, souberam incutir-nos o gosto pela genuína música brasileira de inspiração popular e na pele de escritor, criou personagens mais ou menos talentosas nas quais poderia confiar inteiramente para darem voz às suas canções.

Francisco Buarque de Hollanda, de quem já se disse que poderia ter sido um ótimo arquiteto se tivesse terminado o curso em que se inscreveu na Universidade de S. Paulo, alicerçou, no entanto, a sua carreira em bases sólidas. E é para muitos o eterno garoto de Ipanema, como certamente diria seu compadre Vinícius de Moraes se hoje fosse vivo. O artista de quem não se disse ainda tanto que esteja na altura de se começar a falar de outro.

Catalogado como um dos mais importantes criadores dos últimos cem anos, também foi tema de carnaval no desfile do centésimo aniversário da Mangueira e é dele que eu vou continuar a lembrar-me sempre que, da sua autoria escutar uma canção de amor. Dessas que causam uma tremenda emoção, como aconteceria agora, se me fosse dedicada pela mulher que eu amo.

Nota:

Para complementar a crónica, uma música que ilustra bem o que acabei de dizer: