Cigarros de Chocolate, e eu que queria ser como o Luke Perry!

Quem nunca fez de conta que estava a fumar um cigarro de chocolate, atire com a primeira goma!
Lembram-se?

Eu sei, é errado…Mas costuma-se dizer, nada é errado se nos faz feliz.
E um maço de cigarros de chocolate fazia-nos felizes, dava-nos uma falsa sensação de sermos adultos, o estilo, tipo James Dean ou o Luke Perry, e eu que queria ser como o Luke Perry!

À venda em qualquer mercearia digna desse nome, os meus comprava-os na Sra. Micas, sabem aquelas mercearias perdidas no tempo? Em que a mercearia era também “jornal” e ponto de encontro das senhoras da freguesia! Era assim a mercearia da Sra. Micas.

Saído da mercearia, pousava a ceira cheia de compras, abria o meu maço de cigarros de chocolate e cheio de orgulho metia um à boca. Desculpem, mas nada dá mais estilo do que um rapaz com uma ceira de vime cheia de compras e de cigarro de chocolate na boca!

Os benditos cigarros de chocolate tinham dois senãos! O primeiro era que se tivéssemos com o cigarro muito tempo na boca ele derretia, sim eu sei, não era suposto andarmos a passear com o cigarro na boca, mas se era para fingir, que fosse algo que se visse…

O segundo senão, era que o sacana do papel muitas vezes não saia!!! Ora, qual era a solução? Comer com o papel e tudo. Confesso que das primeiras vezes que comi o papel fiquei assustado, lembro-me de ter perguntado à minha mãe se eu podia falecer se comesse papel! Ao principio, ela dizia-me que não, então, deixei sequer de me preocupar em tirar o papel, mas depois a minha mãe viu que eu já estava a exagerar no que tocava à questão de comer papel, e aí sim, disse-me que havia hipótese de eu falecer graças as resmas de papel que engoli!

Era feliz assim, éramos felizes assim, na ansiedade desenfreada em sermos adultos, mal sabíamos nós a armadilha que é esta vida de gente grande!

Quem me dera lá voltar, à mercearia da Sra. Micas buscar o meu maço de cigarros de chocolate, se querem que lhes diga, até levava a ceira de vime!

Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos!

N.R.: Este autor escreve em Português, Língua de Camões, Pessoa, entre outros ! Isto é um facto e não um fato! Por isso não escreve segundo o novo acordo ortográfico!