Circuito de Vila Real: Passado, Presente e Futuro

Seja Bem Vindo caro Leitor.

Sou o Gonçalo Viegas e serei responsável por falar sobre o desporto motorizado, quer a nível nacional, quer a nível internacional. O circuito de Vila Real sempre foi um marco histórico no desporto automóvel português, sendo um dos circuitos urbanos mais antigos do mundo, remetendo para o ano de 1931. Na altura era preciso concluir 20 voltas, num circuito com pouco mais de 7 quilómetros por percorrer, totalizando uns “meros” 150 quilómetros de distância.

O país estava a entrar numa fase histórica bastante singular, mas mesmo assim o desporto automóvel teve um impacto na sociedade urbana portuguesa. O circuito de Vila Real continuara até 1939, sendo interrompido graças à II Guerra Mundial. Não foi caso raro, uma vez que os sistemas políticos dos vários países envolvidos na Guerra, puseram todo e qualquer evento desportivo fora do seu calendário. Só em 1949, bem depois do fim da Guerra, Vila Real volta a contar com o seu circuito até 1953. A partir deste ano o circuito é restruturado, ficando mais curto, e não existe qualquer evento desportivo até 1958. Apenas neste ano existem corridas, havendo nova interrupção até ao ano de 1966, com a criação da “Comissão Permanente do Circuito de Vila Real”. A comissão foi responsável por organizar provas até 1973 e foi nesta fase que o Circuito de Vila Real viveu os seus melhores anos, sendo considerado o melhor circuito português e dos melhores da Europa. Desta forma, Vila Real tornou-se a capital do desporto automóvel português pelas melhores razões. No entanto nem tudo o que é bom dura para sempre. A crise petrolífera chega aos 4 cantos do mundo e o Circuito de Vila Real não é excepção. Deixa-se, novamente, de organizar provas desportivas e com o fim da crise a ação volta novamente ao asfalto português, se bem que a afluência diminuiu consideravelmente.

Nos anos 80 o interesse volta a crescer e a colocar Vila Real no calendário do desporto motorizado. Em 1982 o circuito acolhe o campeonato nacional de velocidade e até 1991 tudo corre dentro da normalidade. Os anos 90 não foram o melhores, pois foi no inicio da década que durante uma prova morreram 4 espectadores, resultado de um acidente. Apenas em 2007, na celebração dos 40 anos do circuito, que este recebe uma prova depois de tantos anos em jejum. No ano seguinte o campeonato do mundo de carros de turismo (WTCC) é a classe com mais prestigio a marcar presença em Vila Real, até ao ano de 2010, graças ao clima económico atravessado pelo pais. No ano passado, a emoção volta novamente ao asfalto vila-realense com bons indícios de este voltar a viver os gloriosos anos 60. Para se ter uma pequena noção da magnitude do traçado de vila passo a mencionar alguns nomes que encheram de borracha o histórico traçado: Ronnie Peterson,  Stirling Moss,  Joey Dunlop, entre tantos outros. Vila Real tem um grande leque de histórias para contar. Tem um traçado tão belo, como o traçado do GP do Mónaco ou de Pau.

Para além de o circuito estar recheado de um poder histórico, tem também uma forte componente económica. Por um lado é necessário remodelações, nomeadamente nas boxes e no paddock do circuito. Remodelações essas que já deram inicio no passado mês de Março. Apesar de uma evolução fisica perceptivel existem planos maiores. O presidente da autarquia, Rui Santos, confirmou que será feita uma candidatura para que o circuito seja homologado (nivel 2) pela FIA, levando a cabo o crescimento do circuito. Todo e qualquer investimento tem (ou deveria ter) todo e qualquer retorno. Está estimado que este retorno, nomeadamente o WTCC, esteja na casa dos 3,5 Milhões de Euros à cidade e 80 Milhões à região. Para além deste “pequeno” pormenor é importante não esquecer que são eventos com transmissão televisiva (que poderá chegar aos 500 milhões de pessoas) e que fazem publicidade a Portugal e a Trás-os-Montes/Alto Douro.

Um evento desta envergadura para além de dar visibilidade, atrai público. Atrair público é significado de atrair dinheiro. Por essa razão é tão importante fazer fortes investimentos que sejam rentáveis a médio e longo prazo, independentemente se têm um caracter sazonal ou não. Ao chamar a atenção das pessoas, para além de o circuito dar lucro, o sector da restauração, dos transportes, etc, também é beneficiado. No caso do histórico circuito, o investimento foi a melhor opção.

Posto isto só me resta desejar boas leituras…e da próxima vez que o estimado leitor for acelerar, não se esqueça de colocar um capacete!