Clássico: Lima açucarada é ingrediente secreto para receita do 1º lugar

Não é caipirinha, mas teve sabor a Lima. Foi assim o clássico deste Domingo que opôs o 1º classificado, o Benfica, ao 2º, o F.C.Porto que estava a apenas 3 pontos do seu opositor. Num clássico marcado pelo sentido de oportunidade, o Benfica deu assim um passo importante, não decisivo, mas importante, rumo a uma posição confortável de 1º classificado, a 6 pontos de distância dos seus opositores mais próximos, tanto o seu adversário de hoje, como o Vitória de Guimarães.

Começo prometedor. O Porto entrou a todo o gás no jogo e em poucos minutos criou calafrios à defesa encarnada e fazia antever um primeiro tempo com golos. Contudo, não foi isso que aconteceu. Com um jogo excessivamente lateralizado, tendo Lopetegui encostado Brahimi a um extremo e Tello a outro, nunca lhes permitindo soltarem-se dessas amarras e construir jogo no meio, as oportunidades acabaram por não abundar, apesar de um claro ascendente portista, tanto em termos de posse de bola, como em pendor ofensivo. Não foi suficiente. Um Benfica algo na expectativa, com uma estratégia relativamente bem estudada por Jorge Jesus, acabou por ser mortífero, tendo na única oportunidade que teve, feito um golo. O Porto não reagiu como se esperava e foi para o intervalo a perder 0-1.

No segundo tempo as coisas não mudaram. Jesus com a estratégia ainda melhor montada, foi aproveitando a desconcentração tanto ofensiva como defensiva do F.C.Porto para chegar ao 0-2, assinado pelo mesmo autor do primeiro, Lima. Os azuis e brancos tinham de assumir o jogo, tinham de ser mais incisivos e objectivos. Os acontecimentos alteraram-se um pouco quando entrou Quaresma, que só na cabeça de Julen é que não é titular. Os portistas passaram a ser mais acutilantes e viram os postes negar-lhes o golo por duas vezes. Até ao fim do jogo, o Benfica geriu o jogo a seu bel prazer e viu os 3 pontos caírem no seu bolso como se de um doce para uma criança se tratasse. 6 pontos é agora o que separa as duas equipas, o que, num campeonato tão pouco competitivo como é o português, podem significar muito.

O pavio é curto, e o dos adeptos do F.C.Porto já deve estar quase a chegar ao fim. Meses passados desde a última referência aos escassos resultados apresentados por Julen Lopetegui, o caso continua na mesma, com a agravante que agora já vamos com 1/3 do campeonato realizado. O treinador do Porto anda à deriva. Tanto no modelo de jogo, como na equipa titular ou mesmo no seu discurso contraditório. É impensável para uma equipa que quer ser campeã nacional e ir longe na Champions, começar os jogos com Casemiro, Tello e, por vezes, quando joga mal, Herrera. Num plantel com tantos e tantos recursos como é o do Porto, jogar da forma pouco consequente, baseada em jogadas pela linha lateral e pouco criativa, é ultrajante. O pior é que já se percebeu que Lopetegui não tem engenho para mais, os preferidos continuarão a jogar, o esquema táctico vai continuar até ser destruído na Europa e o discurso no qual todos são culpados menos o próprio, vai continuar a ser arma de arremesso quando não se souber justificar. Caso de hoje. A equipa do treinador espanhol, perder como perdeu hoje, foi uma lição de frieza e sentido de oportunidade tremenda pela parte do Benfica. Pode-se falar em injustiça, mas quem se ficou a rir, foi Jesus. Não deitado no berço, mas em pé no banco.

Com o Sporting a ceder pontos de jornada em jornada, com um Porto com um treinador muitos furos abaixo do seu plantel actual e com um Vitória que mais tarde ou mais cedo, acabará por ceder – pelo menos no que à luta pelo título concerne –  , o Benfica está como quer, ou seja, confortável. Ganhar na casa do maior rival é sempre motivo de alegria, então quando o mesmo se processa da forma que foi hoje, é um festival de felicidade. Veremos até quando Pinto da Costa carregará esta cruz, talvez quando se aperceber do erro, já seja tarde de mais. Para azar dos portistas, Lopetegui faz anos em Agosto.