Coisemos qualquer coisa – Lá na minha terra

Lá na minha terra há coisas que me impressionam. Saio à rua e vejo cada coisa que me deixa parva. Até eu por vezes faço coisas que não lembram ao Diabo mais imaginativo. Mas uma coisa é certa, coiso muitas vezes. Eu coiso, tu coisas, ele coisa, nós coisámos, vós coisais e eles coisam. O que se coisa? Coisas. E é a coisar que a gente se entende.

Olha uma coisa. Quantas vezes dizes essa coisa da coisa? Viste a coisa? Foste à coisa? Que coisa estás a fazer? Uma coisa. Que coisa? Anda ver. “Coisa” é a palavra mais coisa que temos no nosso vocabulário. É fantástica, adapta-se a qualquer coisa. Uma coisa pode ser mil e uma coisas, e ter uma coisa pode ser tramado. Dizer coisas é sempre pertinente, pensar coisas pode ser louco. A televisão mostra-nos com cada coisa, que coisa! E os jornais? É só coisas tristes que nos deixam meios coisas.

Ver coisas é de sonho, às vezes até nos chamam tolinhos, mas ver coisas pode ser importante, pode ser prova ou confirmação de alguma coisa. Mas às vezes não gostámos das coisas que vemos. Ler coisas também dá jeito, mas ler coisas pode ser perigoso para certas coisas. E fazer coisas? Uhlala, pode ser um consolo, mas pode ser arriscado, mas também pode ser a coisa mais acertada. Depende da coisa que estivermos a fazer. Guardar coisas todos guardamos. Coisas que guardamos podem ser para recordar ou para esconder outras coisas, podem ser para conservar sobre coisas como  podem ser para fazer desaparecer ainda mais coisas. As coisas que guardamos podem ser nossas como ser de outros, ou mesmo podem ser de outras coisas.

Comprar coisas é muito comum. Todos os dias compramos uma ou outra coisa. Por vezes até nos dizem “compras-te tanta coisa!” ou “que coisas compraste?”. Que coisa trazes vestida hoje? Onde compras-te essa coisa? Às vezes esqueço-me do nome da coisa, sabes? Aquela. Mas o que é coisa? É qualquer coisa.

E coisas que temos em casa? Ui, sem fim nem começo por onde contar. É com cada coisa que às vezes perguntamos como ainda não deitamos fora. Pensem numa coisa, quantas vezes pensaram no significado de coisa? É que às vezes sentimos coisas que não conseguimos explicar, apenas sabemos que são coisas. Escrever coisas pode dar em grandes coisas como em coisas que nem o mais inteligente lê. Escrever coisas pode dar em coisas como esta coisa em que não se percebe a coisa. Há coisas que não lembram a ninguém. Há coisas sem pés nem cabeça. 

Coisas à parte, continuemos a coisar. Qualquer dia dá-nos uma coisa e esquecemo-nos dos nomes das coisas e tudo o que é coisa vai passar a ser coisa, sem fazermos ideia do que coisa é. Confuso? Vá pesquisar umas coisas.

Crónica de Daniela Teixeira
Lá na minha terra