Com ferros matas, com ferros morres – Teresa Isabel Silva

As touradas, apesar de serem, um símbolo cultural são também um excelente exemplo da coragem dos forcados portugueses, que entre todos os desportos tauromáquicos são considerados os mais corajosos. Tudo isso se deve ao facto ao facto de eles agarrarem, literalmente, o touro pelos cornos.
Cada vez mais criticada a tourada portugueses é acusada de ser violenta e cobarde. O cavaleiro, em todo o seu esplendor e brilho (por causa do fatinho repleto de lantejoulas), está salvaguardado pelo seu cavalinho que corre para longe do touro depois de este ser vezes e vezes sem conta violentado… É impressão minha ou isto é um jogo de batota de dois contra um?
A tourada para ser justa devia ser um jogo de um contra um, ou seja o touro contra o toureiro. Isto era simples e sem recurso a qualquer tipo de armamento. Aliás, se quisermos ser “mesquinhos” o jogo só era verdadeiramente justo se o toureio enfrentasse o animal com os dedinhos indicadores em riste sobre a testa…
Se a ideia dos adeptos da tourada é ver sangue e maus-tratos, será que existe uma melhor maneira que esta que apresentei? O sangue humano ia muito bem transmitir mais realismo, e se o toureiro morre-se dos ferimentos era então justamente coroado de herói que morreu em combate.
Mas se não querem que nenhum animalzinho racional sofra com esta “arte”, pelo menos tornem as coisas justas para o touro e deixem-no tourear um seu semelhante, sem ferros e sem estratagemas humano.
Se a expressão com ferras matas, com ferros morres for justamente levada á letra, depois do toureiro, tourear o touro com os seus ferrinhos decorados (e são decorados para não parecerem tão perigosos), que tal alguém tourear o toureiro? Se com ferros ele mata, alguém o faço morrer por eles.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas