Comi no Gaveto e não Gostei!

Se clicou no título, deste artigo, pensando que iria ler sobre pornografia Gay, desengane-se. Por aqui raramente se fala sobre pornografia e, quando se fala, é do mais heterossexual que existe! O artigo de hoje é mesmo sobre culinária e má restauração. A má restauração praticada no Gaveto!

Antes de mais deixe-me que lhe pergunte: “Alguma vez comeu no Gaveto?” Eu já! Comi e não gostei.  Existe por aí um boato a circular, que diz que comer no Gaveto é bom. Posso-vos afiançar que não é. Comer no Gaveto é desagradável, ‘sem-saborão’ e dificilmente tiramos qualquer proveito nisso. Se não acredita em mim, preste bem atenção no que lhe irei contar a seguir…

A semana passada deu-me uma súbita vontade de comer leitão. Após uma pequeno inquérito sobre qual o melhor sítio para o efeito, cheguei à conclusão que o local ideal era o Gaveto. Dirigi-me até lá e reparei que o restaurante estava vazio… Incrível, o melhor sítio para se comer leitão por estes lados estava completamente vazio, num sábado à noite?! Não podia acreditar… (rapidamente vim a descobrir o porquê.).

– “Boa noite. Era uma mesa para 4 sff.”

– “Então… Sente-se onde quiser! Não vê que isto está vazio?!” (Começava bem… )

De seguida chegaram as entradas. Tínhamos: restos do febras, restos de leitão, azeitonas murchas, manteiga rançosa e pão rijo. Um verdadeiro manjar, portanto… Optamos por descartar as entradas e ir directos ao prato principal.

-” Olhe, sff, é uma dose de febras e leitão para os 3. Acha que dose e meia chega?!”

-“AH! AH! Dose e meia… Dose e meia é para dois. E o outro? Fica a olhar, não?! Eu trago-lhe 2 doses que deve dar…”

Pronto estava decidido, dentro de pouco tempo estaríamos diante de um maravilhoso repasto, composto por febras de porco preto e leitão. Mas eis que chegaram as febras, uma qualquer coisa torriscada, gordurosa e a saber a queimado… (um horror!) Depois chegou o leitão, 6 bocados de carne fria, sem sabor e com um aspecto completamente ressequido. Estávamos, sem dúvida, no melhor restaurante para se comer leitão no Barreiro! Para acompanhar tivemos ainda direito a um arrozinho de miúdos, batata frita às rodelas (moles, frias e cheias de óleo) e uma tacinha cheia de ‘molhenga’ para o leitão (que, diga-se de passagem, foi o que conseguiu salvou o leitão).

Como bons portugueses que somos seria de esperar que comêssemos e calássemos, mas não. Eu devo ter uma costela qualquer de activista russo e por isso decidi comentar com o senhor:

-“Olhe, desculpe? A outra dose de leitão?!
-“Outra dose? Qual outra dose?! Isto são as 2 doses!”
-“AH! Ok… Desculpe lá. É que me tinham dito que a comida aqui era boa e bem servida… Bem servida já vi que não é. Esperemos que seja boa!”

Bem… Posso-vos dizer que se o olhar matasse, tinha ficado logo ali estendido no chão. O silêncio constrangedor que tomou conta daquele restaurante era capaz de fazer inveja a muitos funerais. Silêncio esse que só foi quebrado quando uma das pessoas, que estava comigo na mesa, disse: “Olhe desculpe… Está aqui um pêlo nas batatas. (Ahh! Agora sim, via-se o porquê do leitão ser tão bem recomendado. Aquilo sim, era leitão fresquinho, fresquinho. Tão fresquinho que ainda vinha com pêlos… Isto esquecendo o facto do pêlo estar nas batatas e ser de uma pessoa e não de um animal, mas fora isso nada a apontar.)

O empregado apareceu junto de nós, pediu desculpa, levou a travessa das batatas para dentro e, como seria de esperar, trouxe outra travessa de batatas. Desta vez mais pequena que a primeira, muito provavelmente com as mesmas batatas (moles, frias e gordurosas) mas agora sem pêlos.

Para acompanhar o leitão pedimos 2 imperiais. Sabiam mal mas o senhor garantiu que não tinham qualquer problema. E como tal, pedimos outra rodada. Curiosamente a 2ª rodada foi servida em garrafa (diz que o barril tinha acabado de repente…).

“Sobremesas? Não obrigado. Café?! Muito menos”… Diz que uma ‘escarreta’, no meio de uma bica, mal se nota e eu não estava disposto a correr mais riscos. Pedimos a conta, uma factura com contribuinte e o multibanco. Veio a conta, o terminal do MB, pagámos, mas… Cadê a factura? Népias! Ao que parece o ‘patrão enganou-se’, facturou tudo ao consumidor final e agora já não havia nada a fazer… Mas atenção! Ele lamentava o sucedido…

Lamentava?! Lamentava?! Sabem o que vos digo?! Quem lamentava o sucedido era eu… Lamentava ter decidido ir comer no Gaveto. E lamentava não ter dado ouvidos à minha mãe quando me disse para nunca me meter neste tipo de coisas esquisitas!