Como dar um campeonato ao Benfica? Lopetegui explica.

Hercúlea. É esta a missão do Porto. Um trabalho que podia perfeitamente constar dos 12 que Hércules teve de realizar, a missão da equipa treinada por Julen Lopetegui afigura-se quase impossível. Tudo isto, os possíveis 6 pontos de desvantagem com menos um jogo do que o adversário e as escassas perspectivas de melhorias, foi criado pelo próprio clube. Os erros foram mais que muitos e as repercussões serão terríveis. No entanto, nem tudo é mau. Julen Lopetegui poderá, a quem assim o entender, explicar passo a passo como perder um título em 18 jornadas, isto tendo o melhor plantel da Liga. Inédito.

Tendo habituado os adeptos no geral a poucos ou a nenhuns falhanços nos últimos anos, Pinto da Costa preparou as armas para dar aos seus adeptos, e a si mesmo, mais um título de campeão nacional, voltando assim ao trilho das conquistas. Tudo fez. Investiu como há muito tempo não investia, criou condições para o desempenho da equipa ir melhorando e contratou um treinador com muito talento vindo da escola espanhola. Pelo menos, era dessa forma que todos os adeptos do Porto e de futebol em geral pensavam que seria a época dos dragões. Saiu tudo ao lado. O presidente dos azuis e brancos, que até costuma ter o condão de errar pouco, ou pelo menos, de acertar mais do que falha, falhou redondamente no planeamento da época e, sobretudo, na escolha do treinador. Julen Lopetegui é, sem dúvida nenhuma, o principal culpado da hecatombe que está a ser a época dos dragões.

O primeiro ponto a ser analisado é o investimento feito. O dinheiro que saiu dos cofres do Dragão foi imenso,  os jogadores trazidos vinham num pedestal e a aposta na reconquista do título era total. Todavia, os resultados não estão a ser os esperados. Poder-se-á afirmar que o dinheiro investido não foi canalizado para as posições certas, poder-se-á igualmente dizer que um clube como o Porto não pode ter no seu plantel jogadores emprestados, ou ainda o facto de muitas das contratações terem sido feitas por favores a empresários só ter servido para corroer o clube. Tudo isso se pode dizer, o certo é que os jogadores contratados tem qualidade mais do que suficiente para singar na Liga Portuguesa. Ou deveriam ter. Gastar 11 milhões num jogador que tem 1 golo marcado ao longo de meia época, é grave. Ter requisitado o empréstimo ao colosso Real Madrid, de um jogador que não faz dois passes seguidos, é exasperante. Trazer jogadores que não são em nada superiores aos que já lá estavam por empréstimo e com uma cláusula de compra enorme, é tenebroso. Tudo piora se juntarmos tudo isto numa época e a isso adicionarmos ainda o facto de o Porto, vindo de um ano em que não foi campeão ou ganhou qualquer competição, ter investido em tudo excessivamente mais do que nos últimos anos. Podemos então, falar de uma hecatombe.

Visto, revisto e analisado o ponto fulcral do orçamento mal gerido, importa agora salientar, e voltar a carregar, na tecla mais gasta das crónicas do MaisOpinião, Julen Lopetegui. O assunto é o mesmo, as criticas variam e os resultados pioram. O espanhol veio com o rótulo de qualidade da escola espanhola. O seu trabalho com as seleções jovens dos “nuestros hermanos” foi bom. O seu estilo de jogo parecia fantástico. Parecia. Rapidamente se percebeu que o que Julen fazia era medíocre, fraquito, fraquinho, fraquíssimo. Lopetegui dispõem do melhor plantel da Liga, com jogadores como Brahimi, Quaresma, Jackson, Danilo, Martins Indi, Alex Sandro, Oliver e tantos outros que têm qualidade mais do que suficiente para singrar em Portugal. Lopetegui encontrou um dos maiores investimentos já realizados por Pinto da Costa. Lopetegui encontrou das melhores condições de treino e de trabalho da Europa. Lopetegui veio rotulado de “treinador de renome mundial” e adorado pela imprensa. Lopetegui desiludiu e nada fez. O treinador dos dragões perdeu todo o prestígio que tinha antes de vir. Ou sendo sucinto, todas as etiquetas que lhe foram colocadas, caíram ao longo dos dias, dos meses, dos jogos. O espanhol com todas as condições e mais algumas para voltar a trazer o F.C.Porto para a ribalta nacional, conseguiu hipotecar tudo e enviar todas as pertensões portistas para a sarjeta. Com um discurso pretensioso, repetitivo, carente e enganador aliado a uma forma de treinar e de escolher a equipa que não lembra nem ao Ulisses Morais nos piores anos, Lopetegui fez o impensável, despediu-se do título a 16 jornadas do fim. Não que os 6 pontos – 9 se o Benfica expectavelmente vencer o Paços de Ferreira – de atraso sejam impeditivos, apenas porque não se vê a mínima hipótese de voltar à luta. Não quando se apresenta um futebol pobre, atabalhoado e assente em princípios que não darão em nada. Não quando se decide o onze titular à sorte e sem critério. Não quando se vive dependente de Brahimi e o próprio está na CAN. Não quando se aposta em Herrera e Casemiro. Não quando se tem picardias por tudo e por nada. Não sendo Lopetegui e não tendo capacidades para mais.

Sem melhorias à vista, o F.C.Porto vai pondo “a pata na poça” a cada passo que dá. Jorge Nuno Pinto da Costa já viu que os dias de chuva para os lados do Dragão não passam, todavia, em vez de admitir que o “outfit” que traz vestido não serve para a chuva, prefere deixá-lo assim, mantendo a sua posição e ficando cada vez mais encharcado com o passar do tempo. Os adeptos, esses, vão estando cada vez mais fartos de ter os pés molhados e de se arriscarem a apanhar uma constipação para o resto da época. Lopetegui, por sua vez, vai brincando à chuva, enquanto pisa cada poça e se ri à gargalhada, sabendo de antemão que o seu despedimento não está, nem estará perto. O clube em geral vai-se afundando, o diluvio que se tem abatido sobre o Dragão não parece ter fim à vista, pelo menos enquanto não se arranjarem condições para o parar.