Como e quando os tirar da caixa – Maria João Costa

Não sou fã de saltos altos, nem de nada que me deixe longe do chão. Gosto mais de sentir o meu metro e sessenta nos paralelos; mas acho bonito e tenho um par de 12 cm no armário para os casos de urgência. Todas as mulheres têm, ou deviam de ter, quanto mais não seja para ir às entrevistas de emprego para secretária.

Mas neste assunto dos sapatos e dos centímetros, tudo o que é de mais, é exagero!

Depois de cinco, intensos, minutos de observação de um “desfile” na entrada do concerto da Ivete Sangalo (era só para dizer que fui ao concerto no Porto) percebi que entendo mais de saltos altos do que aquelas que os coleccionam, atrevo-me a dizer, que devia de escrever um manual de instruções “como e quando tirar estes sapatos da caixa”. Dedicava um capítulo inteiro ao “traje de concertos, festivais e romarias”.

Saltos agulha? Compensados e agulha, dois em um? Vestidos com lantejoulas? Pensava que já ninguém ia assim para os concertos em relvado. O objectivo não é dançar a noite toda, saltar, fazer a espargata, deixar os casacos no chão, e usar a mesma t-shirt que levou ao festival a semana passada? Ou as sapatilhas são muito desconfortáveis e eu ainda não reparei?

Já percebi, compraram os sapatos ontem e querem mesmo andar com eles; é aquela necessidade das mulheres de usar a “roupa nova” para mostrar às amigas. Mas tem que ser mesmo na noite do concerto? Não pode esperar mais umas horinhas?

Numa coisa tenho que concordar, os saltos altos dão jeito quando se quer ver a cabeça do músico e temos um “armário” à frente, mas ia acabar por os tirar para sambar …acabamos sempre por os tirar.



Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!