Como ser cronista em 5 passos

Nunca como actualmente os cronistas, e as crónicas, estiveram tão na moda. É nos jornais diários e semanais. É nas revistas. Bem, e na internet então nem se fala! Mas na imensidão de personalidades e temas muitos perdem-se pelo caminho (algo perfeitamente normal tendo em conta a sua quantidade). E o que deve o caro leitor fazer para passar a ser também um cronista? O “Desnecessariamente Complicado” desta semana vai tentar ajudá-lo a passar para o outro lado da barricada através destes cinco passos muito simples.

Passo 1 – O mais importante de tudo é que tenha vontade de escrever. Ser cronista não é tão fácil quanto pode aparentar quando somos “apenas” leitores. Como tal esta é uma missão que apenas deve abraçar se tiver realmente disposto a trabalhar a sério. Comece por ler o máximo que conseguir. Jornais, revistas e sites noticiosos são óptimos locais para começar pois estão recheados de notícias da actualidade (desde os assuntos verdadeiramente importantes até aos mais bizarros que possamos imaginar). Pense nos temas que gostaria de abordar e no que pode acrescentar a tudo o que já foi dito (sim, porque limitar-se a repetir o que meio mundo já disse não vai abonar nada a seu favor).

Passo 2 – Pratique, pratique, pratique. Quanto mais escrever mais vai aperfeiçoar, e melhorar, a sua escrita. Se já tiver alguma rotina (seja por causa da sua vida profissional/pessoal ou por uma paixão pela escrita) todo o processo será muito mais simples e rápido. Caso contrário aconselho-o a escrever o máximo possível. Se não tiver inspiração ou se estiver num “mau dia” não vale a pena forçar, contudo é aconselhável que se obrigue a si mesmo a escrever com uma determinada regularidade (uma vez por semana é um ritmo perfeitamente conciliável com a sua vida pessoal e profissional, por exemplo).

Passo 3 – Publicar é a palavra de ordem! De que lhe serve escrever se não mostrar ao mundo o resultado final? Na fase inicial é aconselhável alguma contenção na publicação, e partilha, (dado que na esmagadora maioria dos casos a qualidade ainda não é tão elevada ao ponto de um dia mais tarde se orgulhar de ter escrito aquilo). Se tiver poucas certezas quanto ao conteúdo, ou ao ponto de vista e abordagem por exemplo, pode pedir a opinião de alguns amigos e familiares. Quando se sentir confiante partilhe com tudo, e todos, e deixe o “efeito dominó” dos comentários, e partilhas, jogarem a seu favor. Quanto mais atraente for o título, e quanto mais chamativa e curiosa for a imagem que acompanhar o texto, mais visitas (entenda-se leituras) terá, por isso planeie tudo com cuidado.

Passo 4 – Pela internet, partilhar, partilhar! Portanto já tem os temas e as crónicas, falta-lhe….um local onde as partilhar! Nesta fase tem duas hipótese distintas: ou cria um espaço só seu e publica o que quer (e quando quer) ou então concorre a um dos diversos espaços onde as crónicas são protagonistas (como por exemplo o Mais Opinião). Se pretende algo sem grandes compromissos criar o seu próprio blogue é a solução ideal. No início vai dar-lhe algum trabalho (especialmente se não tiver experiência nenhuma) e vai tomar algum do seu tempo. Se este for o seu caso pense num bom nome para o projecto e tenha sempre em conta que a imagem que apresentar será o seu primeiro cartão-de-visita. Se vai optar por se candidatar a um dos diversos projectos que pululam pela internet fora então nada melhor do que fazer um bom trabalho de pesquisa em busca do local onde melhor se poderá enquadrar. Quer uma dica extra? Tente a sua sorte no Mais Opinião, estamos sempre a recrutar bons escritores!

Passo 5 – Não deixe que a confiança lhe suba à cabeça! Este é o passo mais importante de todos. Sabe porquê? Porque a euforia vai subir-lhe à cabeça, turvando o seu pensamento. É como se adormecesse à sombra da bananeira. Ou seja, nos primeiros tempos vai publicar com muita regularidade. E se divulgar correctamente vai notar uma subida do número de leituras. Até que, mais cedo ou mais tarde, vai ter o seu primeiro “sucesso”. Podem ser poucas visitas mas serão muitas mais do que aquelas a que estava acostumado. Esse será o momento mais decisivo do seu projecto. Está nas suas mãos deixar-se ficar à sombra desse “sucesso”, e começar a publicar cada vez menos, ou então fazer o oposto, e publicar ainda mais, tentando repetir (e aumentar) o tamanho do sucesso. A chave estará sempre em dois factores: na qualidade do conteúdo que apresentar e na divulgação que fizer do mesmo.

Acima de tudo o mais importante é não desistir. Insista! Treine. Pratique. Escreva. E reveja. E releia. Se for preciso apague e reescreva. Mas não pare e muito menos pense em desistir!

Posso dar-lhe o meu exemplo pessoal. Comecei por criar um pequeno blogue só meu. Escrevi meia dúzia de crónicas (vistas aos olhos de hoje são todas péssimas) e por influência da minha mãe candidatei-me ao Mais Opinião. Procurava algo que me obrigasse a escrever periodicamente, e este projecto pareceu-me a melhor solução.

Ainda hoje não sei bem como, mas fui aceite. Comecei aí a trilhar o meu caminho. Nesta “casa” aprendi tudo o sei. Com esta “família” criei muitas crónicas de que me orgulho bastante e das quais nunca me esquecerei. Tive a minha dose de sucessos, e de fracassos, obviamente.

Hoje, ao olhar para trás, percebo que a melhor decisão que podia ter tomado foi criar o meu próprio blogue. Sem esse pequeno passo hoje não estaria, com toda a certeza, aqui.

Termino agradecendo à minha mãe pela insistência em me candidatar ao Mais Opinião, assim como ao Filipe Vilarinho por me ter aceite e aos colegas cronistas por tão bem me terem recebido e tão bom ambiente criarem. E a si, caro leitor, por me (nos) seguir de forma tão fiel, obviamente!

E quem sabe se um dia destes não é o caro leitor a estar deste lado, como cronista. Não se esqueça: insista, não desista, e nunca perca a esperança!

Boa semana.
Boas leituras.