Como Vês, Sou Virgem – Carla Vieira

Há pessoas que quando chegam a uma certa altura nas suas relações amorosas, acham por bem anunciar ao mundo que não estão disponíveis para fazer badalhoquices com outras alminhas. Como falar está sobrevalorizado e palavras levam-nas o vento como se de peidos se tratassem, a solução que as raparigas (perdoem-me a generalização, ou não, porque francamente não me interessa) arranjaram foi comprarem as chamadas “alianças” que são nada mais nada menos do que anéis de compromisso.

Por um lado, entendo perfeitamente esta solução: para as raparigas trata-se apenas de um acessório que combina com o homem, porque são sempre pares do mesmo modelo de anel. Homens que são homens não têm problema nenhum em usar um anel (pausa para me rir) e se não quiserem usar, mais vale dizerem que querem trair a parceira. Sim, digam que fica feio o quanto quiserem mas nós vamos ouvir “eu quero fazer sexo com outras gajas”. É irritante, eu sei.

Por outro lado, é uma parolice daquelas enormes e sem espaço para palavras. Não é por usarem anéis que combinam que a vossa relação é mais ou menos que as relações dos outros e às vezes os motivos são claros: “este tem dona” ou “esta tem dono”, uma lembrança no dedo das responsabilidades para com outra pessoa quando vão sair à noite. Não que faça alguma coisa, e aliás, o simbolismo é tão forte que às vezes o anel sai e deixa-se de ser comprometido.

Oops!

Falando factualmente, a piada toda é que estes anéis, tão aliados às relações amorosas, tiveram origem nas igrejas como anéis de castidade. Os anéis que tantas criaturas usam porque acham piada a serem casados-sem-serem é que usados na mão direita, estão apenas a mostrar ao mundo que a vossa experiência sexual é tão vasta como a de um bebé de seis meses porque deus disse e manda que os vossos órgãos sexuais só devam ser usados por quem vos pode dar filhos. Ou assim deveria ser.

Digam aquilo que disserem: embora vocês queiram transparecer a mensagem de que estão comprometidos, a única coisa na minha mente é que além de serem burros até dizer chega, ou estão a mentir ou nunca fizeram sexo. De repente os anéis “de compromisso” já não têm assim tanta piada, pois não?



Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente