Painel de discussão sobre o Compromisso para o Crescimento Verde do evento realizado no auditório do CNEMA em Santarém no dia 28 de Novembro de 2014 sobre a área temática da Agricultura e floresta. Da esquerda para a direita: Fernanda Freitas, jornalista e moderadora; Armando Sevinate Pinto, Eng.º Agrónomo; Luís Mira, Secretário-Geral da CAP; Antónia Figueiredo, Secretária-Geral Adjunta da CONFAGRI; Leonardo Costa, Universidade Católica Portuguesa.

Compromisso para o Crescimento Verde – Discussão Pública

Há quatro crónicas atrás escrevi-vos uma crónica sobre o Compromisso para o Crescimento Verde, esta é a segunda crónica sobre o tema. Se a primeira analisou o documento que nos foi posto à discussão, esta analisará a maneira como decorreu a Discussão Pública deste documento.

Slide de apresentação do Compromisso para o Crescimento Verde do evento realizado no auditório do CNEMA em Santarém no dia 28 de Novembro de 2014 sobre a área temática da Agricultura e floresta
Slide de apresentação do Compromisso para o Crescimento Verde do evento realizado no auditório do CNEMA em Santarém no dia 28 de Novembro de 2014 sobre a área temática da Agricultura e floresta

O processo

Podem todos os interessados fazer propostas on-line até ao final desta semana, ou então deveriam ter participado nos inúmeros eventos que já ocorreram (os vídeos desses encontros encontram-se AQUI) sobre as dez áreas temáticas, a saber: Água; Resíduos; Agricultura e floresta; Energia; Transportes; Industria extrativa e transformadora; Biodiversidade e serviços dos ecossistemas; Cidades e Território; Mar; Turismo.

Ministro Jorge Moreira da Silva a apresentar o Compromisso para o Crescimento Verde no evento realizado no auditório do CNEMA em Santarém no dia 28 de Novembro de 2014 sobre a área temática da Agricultura e floresta
Ministro Jorge Moreira da Silva a apresentar o documento no evento realizado no auditório do CNEMA em Santarém no dia 28 de Novembro de 2014 sobre a área temática da Agricultura e floresta

Os eventos organizam-se duma maneira geral como por exemplo o ultimo, que abordava a área temática da Biodiversidade e serviços dos ecossistemas, depois de umas palavras de boas-vindas levamos com uma seca de entre meia a uma hora em que o Ministro proponente do documento, Jorge Moreira da Silva, nos apresenta as virtualidades imensas que é ter um documento deste tipo, os 13 objetivos quantificados para 2020 e 2030 na área das iniciativas (que são 83) repartidas pelos tais 10 sectores catalisadores que já vos referi e coincidem com as áreas temáticas da discussão pública, nesta altura, o Ministro tem a providencial clemencia de nos poupar à apresentação das mais de oito dezenas de iniciativas/medidas e então só nos apresenta as referentes ao quadro em discussão. Posteriormente a isso um painel de oradores, de entre três a quatro apresenta de sua justiça palestras/intervenções de sobre o assunto, as mesmas, que duram cerca de 15 minutos cada uma, vão desde o tédio e os lugares comuns absolutos até a ideias interessantes e com algum rasgo, poucas intervenções quando efetuadas por oradores que representam/pertencem a instituições não acabam sem uma critica ao documento em questão, pois as instituições na sua generalidade pertencentes à tal Coligação para o Crescimento Verde sentiram-se, e bem, usadas para a construção desta montanha que pariu um rato que foi o resultado final posto a discussão pública. Por fim e depois de um coffee break – bolinhos e bebidas – lá têm que aturar durante uma hora e já sem a presença do Ministro – pois esse só fica para ouvir quem nada diz – os chatos daqueles seres inferiores primatas ou o populacho que quer realmente dar opiniões e ideias para que o documento seja mesmo discutido publicamente, normalmente e nesta altura surgem sempre as limitações de tempo pois tanto o Ministro como os oradores poupam-se pouco ao uso do seu. Por fim temos sempre uma lição de sapiência extrema apresentada pelo Relator para o Crescimento Verde, um tal puxa saco que aproveita das intervenções feitas tanto pelos oradores como pelos populares, durante mais de duas horas, não mais do que três frases e passa o restante tempo a elogiar a intervenção prodigiosa que foi a do Sr. Ministro, num registo digno de um lambe-botismo extremo que ultrapassa em diversos eventos o grau do admissível ao ponto de nos levar ao vómito!!! Não contentes com essa expressão de subserviência absoluta ainda levamos com mais uns minutos de engraxamento de um dos dois Secretários de Estado, ligados a este Ministério, a aclamar as virtudes imensas que é ter em discussão este verdadeiro greenwashing de política ambiental.

A discussão pública

Depois de ter ido à discussão de uma das áreas, sobre a Agricultura e floresta, realizada no auditório do CNEMA – Centro Nacional de Exposições em Santarém e de ter apanhado em toda a amplitude com a verdadeira seca que foi o evento que já vos descrevi, e ter efetuado uma intervenção sobre a auto-produção de energia pelas explorações agrícolas e que esta deveria ser tomada em consideração no documento referido, aliás e até no seguimento de um dos pontos da intervenção do representante da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, que referiu mais ou menos o mesmo assunto e de a mesma opinião/ideia ter sido ignorada pelo Relator bem como pelo Secretário de estado da Energia que lhe seguiu, resolvi e após ter conhecimento que filmavam os eventos, não pôr mais os pés em nenhum e daí em diante a apresentar propostas, iria efectuá-las on-line.

Painel de discussão sobre o Compromisso para o Crescimento Verde do evento realizado no auditório do CNEMA em Santarém no dia 28 de Novembro de 2014 sobre a área temática da Agricultura e floresta. Da esquerda para a direita: Fernanda Freitas, jornalista e moderadora; Armando Sevinate Pinto, Eng.º Agrónomo; Luís Mira, Secretário-Geral da CAP; Antónia Figueiredo, Secretária-Geral Adjunta da CONFAGRI; Leonardo Costa, Universidade Católica Portuguesa.
Painel de discussão sobre o Compromisso para o Crescimento Verde do evento realizado no auditório do CNEMA em Santarém sobre a área temática da Agricultura e floresta. Da esquerda para a direita: Fernanda Freitas, jornalista e moderadora; Armando Sevinate Pinto, Eng.º Agrónomo; Luís Mira, Secretário-Geral da CAP; Antónia Figueiredo, Secretária-Geral Adjunta da CONFAGRI; Leonardo Costa, Universidade Católica Portuguesa.

É que uma discussão implica, primeiro que não sejamos bombardeados com meia a uma hora de um Ministro a dizer sempre o mesmo, nos videos cheguei a pôr dois a passar ao mesmo tempo e ouvia o Ministro a ecoar a repetição da sua própria intervenção, eis um exercício interessante que não aconselho nem aos tão dementes como eu!!! Segundo uma discussão também implica que não tenhamos que ouvir quatro (no meu caso) palestrantes que e se excetuarmos alguns pontos que os representantes da CAP e da CONFAGRI referiram, foram na sua generalidade vazias e sem nenhuma ideia, claro que se fartaram de bater no documento em causa pelas razões que já referi nesta e na crónica anterior, mas seria interessante ouvir o que de facto os quatro palestrantes pensavam que deveria ser acrescentado ao documento é absurdo os mesmos irem para uma sessão sem terem discutido internamente o mesmo documento como parece ter sido o caso, pois a pobreza das propostas apresentadas deixaram essa impressão. Terceiro uma discussão pública implica darem mais do que uma hora ao zé povinho que se desloca muitas vezes mais de 200 quilómetros – como havia lá um ao meu lado – para dar as suas opiniões/ideias, eu sei que existe uma certa repugnância intelectual e até de convívio entre os seres iluminados que atualmente nos governam e o restante povo de seres primatas, que estes, com as suas políticas acham que deve ser ainda mais pobre do que era, mas chega a ser absurdo pedirem-nos dois minutos de intervenção e a cortarem-nos a palavra quando usamos mais um minuto ou dois do que o estipulado, quando tivemos mais de duas horas a ouvir banalidades!!! Quarto e por fim as duas partes finais de engraxamento do Ministro que me levaram à náusea, bastaram-me naquela vez, não entro em campeonatos de auto-elogio pois se me considero longe do perfeito dificilmente considerarei outros perto disso.

O problema é que se virmos os vídeos parece que as quatro fases que eu referi se repetiram em todos os eventos o que demonstra que esta discussão publica têm sido uma ficção e um eterno elogio a um Ministro que pelos vistos tem tanto de imodesto que deixa que os seus dois verdadeiros lacaios subservientes que finalizam os debates o elogiem repetidamente daquela maneira!!! O que se espera e até pelo resumo das intervenções do tal redator que faz no fim de cada um debates, sobre as dez áreas temáticas, vai ser uma inexistência quase total de alterações ao documento proposto a discussão, mas o que nos vale é que nós temos como Ministro um iluminado e que o documento inicial é tão perfeito que nem deveria ir a discussão pública!!! Aguardo por isso com alguma expectativa, mas pouca crença que a mesma seja uma realidade, que haja da parte dos redatores finais um reconhecimento de que não há pessoas infalíveis, nem documentos perfeitos e espero me enganar redondamente nas minhas previsões de que às 83 iniciativas/medidas poucas serão acrescentadas e/ou sujeitas a alterações, mas isso será o tema da minha terceira crónica sobre este tema quando a versão do documento final aparecer.