Congresso do PSD – João Cerveira

Se não fosse pelo “DIRETO” que dizia no canto, até pensaria que era algo gravado de há bastante tempo atrás.

Todos sorridentes, a fazer piadas em discursos, parecia até que são governo de um país rico, sem problemas,  sem desemprego, sem cidadãos a passar dificuldades, alguns fome. O congresso do PSD parecia daquelas festas de bairro ou comunidade onde toda a gente aparece, mesmo aqueles que durante toda a semana não passam dos “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite” da praxe, atraídos pelo cheiro da comida. Ou do sinónimo “tacho”. Percebem a analogia?

A realidade é: a dívida pública subiu, o défice não está no valor previsto, o desemprego subiu desenfreadamente (ainda ontem a Antena 1 publicou uma notícia de que 90% dos recém-licenciados em enfermagem têm de emigrar porque não têm emprego no seu país, 90%!), … No geral, as coisas não correram como previsto pelo governo porque está bom de ver – qualquer pessoa entende – que tomaram decisões erradas. A única coisa boa foi que a crise desafiou as empresas exportadoras a tornarem-se mais eficazes, mas eficientes e isso fez aumentar as exportações.
E o que é que o nosso primeiro ministro diz sobre isto? Que as coisas não correram bem porque as pessoas gastaram menos do que o governo esperava. Será porque o governo, depois de dizer que todos estavam a gastar demais, a viver acima das suas possibilidades, aumentou a carga fiscal de tal maneira que estrangulou o rendimento disponível e, por consequência, o poder de compra dos portugueses?

E depois, como uma boa parte dos  portugueses, que levam o tempo a reclamar que ganham pouco, que passam muitas dificuldades, mas depois pagam 20 ou 30€ quase todas as semanas para ir ao futebol, fazem um congresso em clima de festa, como se tudo fosse “ouro sobre azul”. Para depois, no final do congresso e nos dias seguintes, voltarem à carga para dizer que ainda há mais austeridade, ainda há mais cortes, mais apertos depois da saída da Troika. Troika que, ao contrário do os mesmos dizem (e como eu recordei numa crónica aqui há uns tempos), entrou no nosso país pela mão do PSD, CDS, PCP, Verdes e Bloco de Esquerda, quando votaram contra um plano denominado PEC IV, pré-aceite por Bruxelas como o plano que nos iria ajudar sem meter FMI ao barulho, à semelhança de Itália ou Espanha (em parte).

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…