Contornar uma rotunda – Teresa Isabel Silva

Portugal deve ser de longe o país da Europa, se não mesmo do mundo, com mais rotundas por metro quadrado.
As câmaras municipais não conseguem perder uma oportunidade para construírem uma rotunda aqui ou ali dependendo sempre do espaço disponível (e quando não está disponível corta-se um bocado ao passeio). Os autarcas não resistem a um cruzamento ou entroncamento e assim que arranjam verbas começam logo a construir lá no meio uma rotunda.
O pensamento das autarquias quando decidem levar para a frente a construção destas obras quase monumentais deve ser algum do género: “Hummmm temos aqui um pequeno espaço na intercepção das faixas de rodagem, em vez de pintarmos aquele xadrez amarelo no chão, vamos fazer uma rotunda e plantar lá uma árvore ou algum tipo de plantação!!!”. Bem pelo menos a arvore e a plantação sempre servem para contribuir com oxigénio para as cidades que tem um trânsito sempre muito elevado.

O pior acontece, quando as rotundas são construídas para facilitar a fluidez do trânsito. As pessoas não imaginam a gravidade desta situação, mas a vastidão de árvores, arbustos e plantinhas pode mesmo dificultar de tal maneira a visão dos condutores, que a probabilidade de acidentes acabava mesmo por ser menor quando aquilo não era uma rotunda bem decorada.
As rotundas são consideradas, uma mais valia para o trânsito, mas muitas vezes dificultam o trajecto de uma pessoa. Imagine-mos a hipotética situação de um indivíduo que vai ver o jogo da selecção ao café com os amigos. Ele sai de casa mete-se no carro e depois de começar a circular, encontra a cada 20 ou 30 metros uma rotunda que tal como manda o código da estrada o obriga a contornar a mesma. Este acto faz com que o trajecto demore mais uns minutos do que seria necessário se as rotundas não estivessem lá. Resumindo, o indivíduo chega ao café quando o jogo já começou.
Como condutora, e já me posso considerar experiente na arte de contornar rotundas (na minha terra existem muitas e com variados tamanhos), fico seriamente irritada quando tenho que controlar os gigantes monumentos para sair na última opção. Não me admiro nada que com o valor que os combustíveis estão a atingir as pessoas que pretendem a ultima saída da rotunda, comecem a contornar a mesma pelo lado oposto.

As rotundas têm ainda um significado secreto que quase ninguém conhece. Só o FBI, a CIA e suspeita-se que a PJ sabem o significado obscuro da existência das rotundas. Porém alguns dos paranóicos da conspiração já conseguiram descobrir este significado quase esquecido.
Eles fazem-nos querer que as rotundas servem para melhorar a fluidez do transito, outros sabem que as rotundas servem apenas para plantar arvores ou alojar monumentos que não interessam a ninguém, algumas pessoas dizem que as rotundas servem para irritar os condutores, e há ainda quem diga que as rotundas são um golpe do estado para fazer os condutores gastarem mais combustível… Mas a verdade desconhecida aos olhos de todos é que as rotundas são centros de aterragem de naves extraterrestre!

Crónica de Teresa Isabel Silva
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