Coreia do Norte: A Loucura do Tirano

A dinastia norte-coreana passou todos os limites. Após o ensaio da bomba de hidrogénio levado ontem a cabo pelo regime de Pyongyang, a própria China, maior (senão único) aliado da Coreia do Norte, mostrou estar contra esse teste que provocou um abalo de terra de 5,1 na escala de Richter, sentido a norte de Kilju, o local onde a Coreia do Norte tem as suas principais instalações nucleares, na zona onde o acontecimento se deu.

O líder do regime mais déspota e absolutista do mundo, Kim Yong-Un, deixou ontem uma mensagem ao mundo inteiro, de que é um tirano com poder para arrasar o seu próprio país. Fez um teste com a bomba de hidrogénio, uma bomba termonuclear até 4000 (quatro mil) vezes mais potente do que a bomba nuclear de Hiroshima. É mais que certo que a atitude tresloucada e muito pouco prudente do líder norte-coreano trará dissabores à sua liderança, pouco típica de alguém que está rodeado de centenas de generais altamente experientes, pois esse teste poderia ter corrido mal e neste momento a Coreia do Norte podia já ter sido varrida do mapa mundis. A China, vizinha e até agora aliada regional da dinastia dos norte-coreanos Kim que se dizem de inspiração comunista (e que de comunismo não têm nada), não pode arriscar vir a ser atingida por um qualquer teste mal conduzido, e por isso é expectável que nos próximos dias o mundo possa verificar por parte de Pequim uma atitude com hostilidade sem precedentes para com Pyongyang – numa altura em que a China mudou a sua atitude na geoestratégia militar.

As reações dos jornais diários na China passam por considerar que “será extremamente errado os Estados Unidos optarem por assistir à deterioriação das relações entre a China e a Coreia do Norte sem fazerem nada”, e havendo que “pensar e agir racionalmente”, pois é a estabilidade regional que está em causa. Já o britânico The Guardian descreve na perfeição o líder norte-coreano: um ditador paranóico e imprevisível”. O mesmo jornal aponta a crítica à diplomacia ocidental: “Mais uma vez, a terceira geração da dinastia coreana no poder apanhou o mundo a dormir”.

Será que o “mundo está a dormir”, como sugeriu o artigo do The Guardian? Haveria alguma forma de impedir esse teste? Ou será que a ONU (Organização das Nações Unidas) fará impor sanções duras sobre a Coreia do Norte?

Penso que a hostilidade para com Pyongyang terá de ser muito bem medida. Geralmente, quando a Coreia do Norte leva a cabo testes de âmbito nuclear, é porque tem necessidade urgente de medicamentos oriundos do exterior, normalmente provenientes da Suíça, sendo que as sanções impostas pela comunidade internacional à Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo, incluem restrições no envio de mercadoria seja de que tipo for para esse paradeiro. Os canais diplomáticos provavelmente estarão um pouco mais fechados (ainda mais do que antes), e somente os ditos “canais negros” poderão ser utilizados para chegar à fala com responsáveis da dinastia dos Kim. Neste momento, já não bastará aos norte-coreanos fazer este tipo de ameaças, ou ataques, para o resto do mundo, por forma a obterem aquilo que ambicionam. Um teste deste tipo derá de representar uma de duas coisas: a primeira terá a ver com o contínuo cinismo da China, que poderia ter monitorizado de forma discreta a detonação da bomba de hidrogénio; ou uma segunda opção, relacionada com um possível afastamento entre Pyongyang e Pequim.

Perante este teste da bomba de hidrogénio, inédito na Coreia do Norte, passamos a saber que há uma ditadura na Ásia, onde o seu tirano tem possibilidade de “arrasar” países inteiros numa área de milhares de quilómetros. Por isso mesmo, China, Rússia, EUA, Coreia do Sul e Japão nunca mais poderão dormir tranquilos. Isto, claro, partindo do princípio de que a China não teria tido conhecimento antecipado do teste, e que não goze mais de informação privilegiada por parte de Pyongyang.