Cortar tudo e mais alguma coisa – Teresa Isabel Silva

Até pode ser impressão minha, mas esta conversa dos cortes já começa a irritar. Não só a mim mas a todos os portugueses.

A palavra “corte” está a tornar-se na nova “austeridade”. Ao que parece o nosso Primeiro-ministro expandiu o vocabulário e encontrou uma nova palavra para descrever o mal que está a fazer á sociedade.
Através dos cortes, o primeiro-ministro consegue estar em todo o lado. Está na educação, na casa das pessoas, nos orçamentos das pessoas, na saúde e na doença até que a morte os separe. Isto é, pelo andar das coisas até para morrer-mos vamos ter que pagar imposto.

Os cortes são tantos e tão variados, que pelo andar das coisas, vamos acrescentar, mais um tipo de corte á vasta lista que o Passos Coelho criou. E falo de portugueses a cortar os pulsos.

Isto é um ciclo vicioso até porque uma pessoa corta os pulsos porque lhe cortam o ordenado, em resultado deste corte, surge um corte ainda maior na qualidade de vida. Corta-se assim a vontade de viver de um individuo que frustrado corta os pulsos, e mesmo depois disso, quando se arrepende do seu acto, corre o risco de não se salvar porque cortaram nas despesas de saúde, e porque até as urgências são pagas.

Voluntariamente decidi fazer esta crónica mais pequena. Acho que é uma boa altura para ir ganhando o hábito de cortar nas palavras. Acho que é um hábito positivo nos tempos que correm. Afinal de contas não sabemos quando é que nos vão cortar a liberdade de expressão, ou nos obrigam a pagar um imposto por cada palavra que escrevemos.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas